Com Weintraub e Tarcísio, eleição para governo de SP evidencia racha entre apoiadores de Bolsonaro

Enquanto presidente da República reitera apoio à candidatura do ministro da Infraestrutura, ex-ministro da Educação cumpre agendas no Estado e busca se cacifar com ‘discurso raiz’ 

  • Por André Siqueira
  • 18/01/2022 15h46 - Atualizado em 18/01/2022 19h45
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Frederico Brasil/Estadão Conteúdo/Marcos Correa/PR Homens de terno discursam em evento público O ex-ministro Abraham Weintraub e o ministro Tarcísio Gomes de Freitas são cotados para disputar a eleição para o governo de SP

Além do impasse envolvendo os planos do PT e do PSB para o Estado de São Paulo, a disputa pela sucessão do governador João Doria (PSDB) deve evidenciar o racha no campo de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) no maior colégio eleitoral do país. Enquanto o mandatário do país reafirma que escolheu o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, para representá-lo na corrida pelo Palácio dos Bandeirantes, o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub desembarcou no Brasil, no sábado, 15, para cumprir agendas no intuito de fortalecer a sua pré-candidatura ao governo paulista.

Em sua live semanal da quinta-feira, 15, Bolsonaro afirmou que Tarcísio “topou” ser candidato ao governo de São Paulo. “Conversei com o Tarcísio, ele topou aí ser pré-candidato ao governo de São Paulo”, anunciou o presidente. “Ele, ganhando as eleições, vai fazer um trabalho semelhante ao meu, a começar pela escolha do secretariado, que tem que ser tecnicamente escolhido”, acrescentou. O ministro tem sido cortejado pelo PL, mas assessores dizem, no entanto, que o ministro ainda não bateu o martelo sobre o seu futuro político. Weintraub, por sua vez, está no radar do PTB, que tem seu diretório paulista presidido pelo empresário Otávio Fakhoury. Em entrevista à Jovem Pan, Graciela Nienov, que assumiu o comando da legenda após a prisão do ex-deputado federal Roberto Jefferson, confirmou a intenção de ter um candidato próprio ao Palácio dos Bandeirantes, mas ponderou que, para evitar uma disputa direta com outro candidato bolsonarista no Estado, estava disposta a lançar um nome para o Senado.

O deputado estadual Gil Diniz, conhecido como Carteiro Reaça, é um dos entusiastas da candidatura do ministro da Infraestrutura. Ex-assessor do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), Diniz diz preferir “o perfil mais ponderado” de Tarcísio. “Apoio a candidatura do ministro por duas razões. Primeiro, porque ela foi referendada pelo presidente Bolsonaro. Em segundo lugar, por tudo o que o Tarcísio fez no Ministério da Infraestrutura. Acredito que ele tem o perfil mais preparado”, disse o parlamentar em rápida conversa com a Jovem Pan. O deputado estadual minimizou o eventual choque entre bolsonaristas no Estado. “Prefiro ver pelo lado positivo: dessa vez teremos dois candidatos mais alinhados às nossas bandeiras. Não são candidaturas ligadas ao PT, ao PSOL ou ao PSDB”, avalia. “O Abraham precisa viabilizar uma legenda para disputar a eleição. O Tarcísio deve sair candidato pelo PL e o Abraham ainda busca um partido. O PTB já declarou apoio ao presidente Bolsonaro, então acredito que possam vir a apoiar o candidato dele aqui em São Paulo”, finaliza.

Além de não contar com o apoio formal do presidente da República, pessoas próximas a Bolsonaro dizem que Weintraub ficará “escanteado” se mantiver o discurso que tem adotado nos últimos dias. Em uma live realizada na noite desta segunda-feira, 17, o ex-ministro da Educação afirmou que os partidos do Centrão, que dão sustentação ao governo federal, são um “grande obstáculo” aos conservadores. “Uma das frentes que a gente está sofrendo grandes ataques, os conservadores, é justamente uma turma do Centrão”, pontuou. “Um grande obstáculo que nós conservadores estamos passando, estamos sendo atacados continuamente, e fomos substituídos por essa turma do Centrão que você citou”, seguiu. No domingo, 16, Weintraub sugeriu que Bolsonaro sabia que o seu filho, senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), seria alvo da Operação Furna da Onça, que investiga o suposto esquema de rachadinha na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). “Ele [Bolsonaro] junto a gente [ministros do governo] em uma mesa comprida e falou: ‘Ó, eu chamei pelo seguinte: está para aparecer uma acusação, está pegando esse cara aqui’. Apontou para o Flávio. ‘O governo não tem nada a ver com ele. Se ele cometeu alguma coisa errada, ele vai pagar por isso'”, relatou.

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