Comandantes das três Forças Armadas vão deixar os cargos

Decisão foi tomada um dia após o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, ser demitido pelo presidente Jair Bolsonaro, que cobrava maior alinhamento ao seu governo

  • Por André Siqueira e Giullia Chechia
  • 30/03/2021 12h44 - Atualizado em 30/03/2021 17h12
Valter Campanato/Agência Brasil Comandante do Exército, Edson Pujol Bolsonaro vinha exigindo um alinhamento político das Forças Armadas

O Ministério da Defesa anunciou, na manhã desta terça-feira, 30, a saída dos comandantes das três Forças Armadas: Edson Pujol, do Exército, Ilques Barbosa, da Marinha, e Antônio Carlos Moretti Bermudez, da Aeronáutica. A informação foi divulgada há pouco pela pasta. “O Ministério da Defesa (MD) informa que os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica serão substituídos. A decisão foi comunicada em reunião realizada nesta terça-feira (30), com presença do Ministro da Defesa nomeado, Braga Netto, do ex-ministro, Fernando Azevedo, e dos Comandantes das Forças”, diz o texto.

A decisão ocorre um dia após o general Fernando Azevedo e Silva ser demitido pelo presidente Jair Bolsonaro. Para o seu lugar, foi nomeado o general Walter Braga Netto, que ocupava o posto de ministro-chefe da Casa Civil. A demissão de Azevedo e Silva surpreendeu integrantes das Forças Armadas e integrantes do governo federal – a queda foi vista como uma tentativa de “enquadrar” os militares. Em resposta, os comandantes das três forças se reuniram ao longo da tarde desta segunda-feira, 29.

A Jovem Pan apurou que Bolsonaro vinha exigindo um alinhamento político das Forças Armadas, com declarações de apoio ao governo e com manifestações contrárias às medidas de isolamento social, por exemplo. Segundo relatos feitos à reportagem, a recusa dos três comandantes causou um desgaste na relação – em mais de uma ocasião, o chefe do Executivo federal pediu a troca de Pujol no comando do Exército. Um general da reserva ouvido pela reportagem resume o sentimento do Alto Comando do Exército: “Não podemos deixar a política invadir os quartéis. As Forças Armadas são instituições de Estado, não de governo”, disse, sob a condição de anonimato.

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