CPI da Covid-19 dá 48 h para Saúde explicar suspensão da vacinação de adolescentes
Decisão foi anunciada pela pasta nesta quinta-feira, 16; requerimento foi apresentado pelo senador Randolfe Rodrigues, vice-presidente da comissão
Um dia depois de iniciar a vacinação de adolescentes de 12 a 17 anos sem comorbidades, o Ministério da Saúde recuou e determinou, nesta quinta-feira, 16, a suspensão da campanha destinada a esta faixa etária. Em razão disso, a CPI da Covid-19 reagiu e requisitou que a pasta explique, em um prazo de 48 horas, quais fundamentos científicos embasaram a decisão. O requerimento foi apresentado pelo vice-presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), e aprovado pelo colegiado.
De acordo com a nota informativa da Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, órgão do Ministério da Saúde, uma das razões que pautou a decisão é o fato de a Organização Mundial da Saúde (OMS) não recomendar a imunização de crianças e adolescentes. Ocorre que a OMS diz apenas que a vacinação desta faixa etária não é prioritária. “A nota informativa do Ministério da Saúde falando sobre a não necessidade de vacinação de adolescentes de 12 a 17 volta atrás na posição anterior. Na retificação, o primeiro argumento é o de que a Organização Mundial da Saúde não recomenda a imunização de crianças e adolescentes com ou sem comorbidades. Em uma rápida pesquisa no site da OMS, o que ela diz é que esta vacinação não é prioritária, por óbvio, porque a prioridade é dos mais velhos, dos adultos. Me parece que há uma diferença gigantesca entre não ser prioritária e essa nota do Ministério da Saúde dizendo que não recomenda”, disse Randolfe. “Se o Ministério da Saúde quer admitir o fracasso de que não tem doses, é melhor assim dizê-lo, mas não emitir nota dizendo que a OMS não recomenda a vacinação”, acrescentou o parlamentar.
O presidente da CPI da Covid-19, Omar Aziz (PSD-AM), ironizou a conduta do Ministério da Saúde. “Senador Randolfe, é muita ousadia achar que eles [membros da pasta] mudaram de opinião sobre a vacinação, porque eles mantêm em seus quadros pessoas que propagaram o que aconteceu na Prevent Senior e em Manaus. A mentalidade está lá dentro ainda. A mentalidade não é pró-vacina. Se fosse [em favor] da vacina, as pessoas que foram lá [para Manaus] para fazer o Tratecov, dar palestra, não estariam no ministério”, disse Aziz. Para os membros da CPI, a Saúde suspendeu a vacinação dos adolescentes porque, em alguns Estados e municípios, há escassez de doses. Na cidade de São Paulo, por exemplo, pessoas que tomaram a primeira dose da vacina da AstraZeneca estão completando o esquema vacinal com o imunizante da Pfizer. O relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), criticou o governo federal. “Quem vai suprir a falta da segunda dose? Exatamente a Pfizer, que não foi recebida pelo governo nas tratativas”, disse.
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