Diretor da Prevent Senior deve ser ouvido na CPI da Covid-19 na próxima quarta

Segundo informações em posse dos senadores, operadora de saúde firmou acordo com governo Bolsonaro para disseminar medicamentos do chamado ‘kit Covid’

  • Por Jovem Pan
  • 16/09/2021 12h03 - Atualizado em 16/09/2021 12h09
Edilson Rodrigues/Agência Senado Senadores analisam documento Prevent Senior afirmou que dirigente da empresa não teve 'tempo hábil' de viabilizar ida ao Senado

O diretor da Prevent Senior Pedro Batista Junior deve ser ouvido pela CPI da Covid-19 na quarta-feira, 22, segundo informou o senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da comissão. Ele era aguardado para depor na manhã desta quinta-feira, 16, mas não compareceu, sob a justificativa de que não teve “tempo hábil” para viabilizar a sua ida ao Senado. Os senadores gostariam de esclarecer as denúncias de que a empresa formalizou um acordo com o governo do presidente Jair Bolsonaro para testar os medicamentos do chamado “kit Covid”, comprovadamente ineficazes, em pacientes infectados com o novo coronavírus. Ainda de acordo com as informações em posse dos integrantes do colegiado, a Prevent ocultou mortes de pessoas que foram submetidas a um estudo para testar a eficácia da hidroxicloroquina – o caso foi revelado pela Globonews. A ausência do dirigente da operadora de saúde foi criticada pelos parlamentares.

O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) pediu a condução coercitiva de Pedro Batista Junior, acrescentando que os advogados que representam o convocado agiram de má-fé, uma vez que, ao ingressarem com um pedido de habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF), pediram que fosse reconhecido o direito ao silêncio e não o adiamento do depoimento por ter sido notificado poucas horas antes de comparecer ao Senado. “Utilizaram o hospital e um plano de saúde como campo de teste de estratégias estapafúrdias, enlouquecidas, que não tinham nenhum respaldo científico e que tinham conexão direta com o gabinete da Presidência sob o ponto de vista de divulgação desses dados falsos, para validar teorias, insistir na tese de que era possível fazer um tratamento precoce”, disse.

Para o vice-presidente da CPI da Covid-19, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que também pediu a condução coercitiva do depoente, a conduta da Prevent Senior pode ser enquadrada em crime de lesa humanidade. “Até chegarmos ao caso Prevent Senior, o único aspecto de crime de lesa humanidade era o que tinha acontecido em Manaus. Isso já está caracterizado e levará os responsáveis ao Tribunal Penal Internacional – dito não por nós dessa CPI, mas pelo doutor Miguel Reale e sua equipe. Com o caso da Prevent Senior, o crime de lesa humanidade é estendido para outros agentes”, afirmou. “O senhor Pedro agiu de má-fé. Não somente com a CPI, mas com o próprio Supremo Tribunal Federal”, acrescentou.

O relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), disse que o caso Prevent Senior é pavoroso e “um dos mais graves que vamos verificar aqui”. “Não podemos, nessa altura do campeonato, arrefecer com relação à necesisdade de punir exemplarmente essas epssoas. Deveremos fazer a escolha dos últimos nomes [a serem ouvidos pela comissão] com critérios, para darmos as respostas que a sociedade cobra”, justificou. Na sessão desta quinta, porém, o emedebista reiterou que pretende entregar o relatório no dia 24 de setembro.

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