CPI da Covid-19 diz ter imagens de motoboy da VTCLog pagando boletos de Roberto Dias

Ivanildo Gonçalves da Silva seria ouvido nesta terça-feira, 31, mas ministro Nunes Marques, do STF, permitiu que testemunha não comparecesse ao Senado

  • Por Jovem Pan
  • 31/08/2021 12h03 - Atualizado em 31/08/2021 12h29
Jefferson Rudy/Agência Senado - 17/08/2021 Senadores conversam informalmente antes do início da sessão CPI recorreu da decisão do ministro indicado pelo presidente Jair Bolsonaro ao STF

O senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Covid-19, disse que a comissão tem imagens que mostram o motoboy da VTCLog, Ivanildo Gonçalves da Silva, pagando boletos do ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias, exonerado do cargo depois de ter sido acusado de pedir propina para a compra de vacinas. Quando depôs à CPI, Dias foi preso por decisão do senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente do colegiado. A VCTLog tem contrato com o governo federal e é responsável, entre outras coisas, pela logística de distribuição de vacinas. Ivanildo seria ouvido nesta terça-feira, 31, mas a oitiva foi cancelada após o ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), conceder liminar liberando a testemunha de comparecer ao Senado. Como a Jovem Pan mostrou, o colegiado recorreu e pediu que a liminar “seja imediatamente reconsiderada”. No agravo regimental apresentado pela Advocacia do Senado, os senadores afirmam que receberam a decisão com “perplexidade”. Ainda segundo o recurso, caso o entendimento não seja revisto com máxima urgente, a comissão parlamentar irá recorrer ao plenário do Supremo.

“Acabamos de receber indícios veementes de que era o próprio Ivanildo que pagava os boletos de dívidas, junto à Voetur [antigo nome da VTCLog], do senhor Roberto Ferreira Dias”, disse Renan Calheiros. “Não acredito”, reagiu Aziz. Segundo dados da quebra de sigilo telefônico do ex-servidor do Ministério da Saúde, ele e Andréia Lima, CEO da empresa, realizaram 135 ligações telefônicas entre abril de 2020 e 2021. “Se isso não tem pertinência [com os trabalhos da CPI], nada mais terá”, ironizou o vice-presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP). O parlamentar da Rede se referiu à decisão de Nunes Marques, que, ao liberar Ivanildo de depor aos senadores, afirmou que não havia “congruência” entre os fatos determinantes para a abertura da CPI da Covid-19 e aqueles que serviram de fundamento para a convocação do motoboy.

Segundo o senador Randolfe Rodrigues, as imagens do sistema de segurança da agência bancária (veja abaixo) comprovam que os pagamentos foram feitos na mesma data e no mesmo horário em que os boletos em favor de Roberto Ferreira Dias foram pagos. “No dia 22 de junho o motoboy entra na agência e faz um depósito no valor de 6 mil reais. Antes, no dia 31 de maio, também temos imagens, tem outro depósito no valor de 6 mil reais. No dia 24 de junho tem o maior depósito em favor de Roberto Ferreira Dias: 13.550 reais. Este é o registro de pelo menos quatro transferências, mas temos outras informações. [As imagens mostram] O motoboy entrando, fazendo o depósito e, em seguido, no extrato bancário, [consta] a transferência dos valores em favor do senhor Roberto Dias”, disse o vice-presidente da CPI. “Se isso não for prova suficiente para que o ministro Kassio reconsidere a sua decisão, nada mais o será. Se isso não for importante para ouvirmos o motoboy nessa CPI, nada mais será.

Motoboy Ivanildo está à esquerda da imagem, ao lado da porta giratória (Reprodução/TV Senado/YouTube)

Boleto pago pelo motoboy Ivanildo Gonçalves no dia 22 de junho deste ano (Reprodução/TV Senado/YouTube)

Dois dias depois, motoboy Ivanildo volta a uma agência bancária (Reprodução/TV Senado/YouTube)

No dia 24 de junho deste ano, motoboy depositou cerca de R$ 13 mil a Roberto Ferreira Dias (Reprodução/TV Senado/YouTube)

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