CPI da Covid-19: Senador pede reconvocação de Eduardo Pazuello

Em requerimento, Alessandro Vieira afirma que depoimento do ex-ministro da Saúde foi marcado ‘por diversas contradições verificadas com documentos e informações disponibilizadas’ à comissão

  • Por André Siqueira
  • 21/05/2021 18h39 - Atualizado em 21/05/2021 19h23
Jefferson Rudy/Agência Senado Senador fala da tribuna em sessão plenária Alessandro Vieira é suplente da CPI da Covid-19

O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) apresentou, nesta sexta-feira, 21, um requerimento para reconvocação do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, que depôs à CPI da Covid-19 na quarta-feira, 19, e na quinta-feira, 20. Para o parlamentar, que é suplente da comissão, as oitivas do general do Exército foram permeadas “por diversas contradições verificadas no cotejo com documentos e informações disponibilizados à CPI e publicamente divulgados”. Por isso, argumenta Vieira, é necessário “esclarecer as dubiedades” do depoimento do ministro que comandou a pasta por mais tempo durante a pandemia de coronavírus no Brasil.

O depoimento de Pazuello foi marcado pela tentativa de blindar o presidente Jair Bolsonaro de eventuais omissões cometidas desde o início da crise sanitária no país. Aos senadores, o ex-ministro afirmou que o chefe do Executivo federal nunca interferiu na negociação do Ministério da Saúde com o Instituto Butantan, responsável pela produção da vacina CoronaVac. No dia 20 de outubro de 2020, a pasta anunciou um acordo que previa a compra de 46 milhões de doses do imunizante. No dia seguinte, porém, Bolsonaro foi ao Twitter se manifestar sobre o que chamou de “a vacina chinesa de João Doria”. “Não se justifica um bilionário aporte financeiro num medicamento que sequer ultrapassou sua fase de testagem. Diante do exposto, minha decisão é a de não adquirir a referida vacina”, escreveu. No mesmo dia, em agenda no Estado de São Paulo, afirmou: “Já mandei cancelar, o presidente sou eu, não abro mão da minha autoridade”.

Na sessão desta quinta-feira, 20, o relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou que Pazuello mentiu “flagrantemente” em pelo menos 14 ocasiões. “Deve ser uma nova cepa, a negação do negacionismo”, disse. O emedebista também voltou a defender a contratação de uma empresa de fact-checking, para uma checagem em tempo real das declarações dadas pelos depoentes à comissão. “Na gestão Pazuello em 11 meses morreram 275 mil brasileiros, quase o triplo da guerra do Paraguai que durou 6 anos. Fato que fiz questão de lembrar durante esse segundo dia de depoimento na CPI. Seguimos em busca da verdade”, escreveu Calheiros em seu perfil no Twitter.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.