CPI da Covid-19 vê manobra do governo em inquérito sobre caso Covaxin

Senadores desconfiam de que a PF abriu investigação para que Francisco Maximiano, sócio da Precisa Medicamentos, conseguisse no STF o direito de permanecer em silêncio na comissão

  • Por André Siqueira
  • 01/07/2021 10h08
Edilson Rodrigues/Agência Senado Senadores analisam documento Cúpula da CPI da Covid-19 analisa documentos no plenário da comissão

Nesta quarta-feira, 30, a Polícia Federal (PF) abriu inquérito para investigar se houve crimes na compra da vacina Covaxin, fabricada pela Bharat Biotech. O diretor-geral da PF, Paulo Maiurino, atendeu a um pedido do ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, e enviou a apuração para o Serviço de Inquéritos Especiais (Sinq). Apesar de a aquisição do imunizante também estar na mira do Ministério Público Federal (MPF) e da CPI da Covid-19, os senadores viram no movimento uma manobra do governo Bolsonaro para atrapalhar os trabalhos da comissão.

Segundo relatos feitos à Jovem Pan, os parlamentares desconfiam de que a PF abriu o inquérito para que Francisco Maximiano, sócio da Precisa Medicamentos, conseguisse, no Supremo Tribunal Federal (STF), o direito de permanecer em silêncio e não responder a perguntas que pudessem autoincriminá-lo. A Precisa intermediou a compra de 20 milhões de doses da Covaxin, em um expediente que não ocorreu na negociação com outros laboratórios. O contrato foi assinado no dia 25 de fevereiro, mas, em razão de denúncias de supostas irregularidades, apresentadas pelo deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) e pelo seu irmão, Luis Ricardo Miranda, servidor concursado do Ministério da Saúde, o acordo foi suspenso pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, na terça-feira, 29.

Em razão do habeas corpus concedido pela ministra Rosa Weber, a cúpula da CPI da Covid-19 adiou, por tempo indeterminado, o depoimento de Francisco Maximiano. Em seu lugar, será ouvido, nesta quinta-feira, 1º, Luiz Paulo Dominguetti Pereira, que se apresenta como representante da Davati Medical Supply e denunciou um suposto pedido de propina de US$ 1 por dose da vacina da AstraZeneca para fechar contrato com o Ministério da Saúde. A denúncia sobre a cobrança de propina foi revelada por Dominguetti em entrevista à Folha de S. Paulo. Segundo a sua versão, o pedido foi feito pelo ex-diretor de logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, em um encontro no restaurante Vasto, localizado no Brasília Shopping, no Distrito Federal – Dias foi exonerado nesta quarta-feira, 30. Ao jornal, o representante apresentou detalhes sobre tratativas para a compra de 400 milhões de doses da AstraZeneca.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.