Deputado relata insatisfação de caminhoneiros com governo: ‘Auxílio de R$ 400 foi visto como esmola’

Wallace Landim, o Chorão, diz que benefício cobre apenas 13% do abastecimento de um caminhão: ‘Mais um balão apagado para a categoria colecionar de promessas do governo’, afirma um dos líderes da categoria

  • Por André Siqueira
  • 25/10/2021 14h30
Cleia Viana/Câmara dos Deputados Deputado federal Nereu Crispim (PSL-RS) Deputado federal Nereu Crispim (PSL-RS) defende criação de fundo de estabilização para controle de preços dos combustíveis no Brasil

O deputado federal Nereu Crispim (PSL-RS), presidente da Frente Parlamentar Mista dos Caminhoneiros Autônomos e Celetistas, disse à Jovem Pan que o auxílio-diesel de R$ 400 prometido pelo presidente Jair Bolsonaro “pegou mal” entre os caminhoneiros e foi visto como “esmola” pela categoria. Em grupos de WhatsApp, os trabalhadores também criticaram a promessa do chefe do Executivo federal, classificada como “piada de mau gosto” e “papo furado”. “Esse auxílio de 400 reais, dentro do grupo, pegou muito mal. Foi visto como esmola, um assistencialismo eleitoreiro oportunista. Os caminhoneiros entenderam que serão mais uma parcela da população que só será atendido por assistencialismo”, afirmou à reportagem. “Naquela paralisação de 2018, Bolsonaro gravou um vídeo apoiando a categoria, dando a entender que trataria de forma objetiva a questão dos caminhoneiros. A categoria não quer tratamento diferenciado, mas em relação a alguns problemas, ele disse que resolveria. O pessoal me chama de traidor, mas no ano passado fui o terceiro que mais votou com o governo. Não sou contra o presidente, sou a favor do Brasil e da solução aos caminhoneiros”, segue o parlamentar.

Em nota, o presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, conhecido como “Chorão”, afirma que o valor do auxílio cobre apenas 13% do abastecimento completo de um caminhão – cerca de 80 litros para uma capacidade de 600 litros. “Uma proposta que não resolve nada e é mais um ‘balão apagado’ para a categoria colecionar de promessas do governo que ajudou a eleger”, diz o texto. Chorão destaca que a greve, aprovada em meados de outubro e marcada para o dia 1º de novembro, está mantida. As reivindicações também estão mantidas. “Queremos estabilidade dos preços dos combustíveis, um fundo de colchão para amenizar volatilidade, mudança na política de preços da Petrobras, aposentadoria especial a partir dos vinte e cinco anos de contribuição e, acima de tudo, queremos respeito e cumprimento da Lei do Piso Mínimo de Frete”, acrescenta o texto. “Não há razão para que o governo federal não atenda as reivindicações de quem não deixou o país para trás e trabalhou para que nada faltasse a nenhum brasileiro”, finaliza.

Como a Jovem Pan mostrou, o governo cancelou uma reunião com representantes dos caminhoneiros que estava agendada para a quinta-feira, 28, alegando que havia sido noticiado pela imprensa que os ministros da Casa Civil, Ciro Nogueira, e da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, participariam do encontro, o que não seria verdade. “Isso não é verdade. Até porque, o ministro Tarcísio é a única pessoa com quem a categoria não quer conversar. Em dois anos e meio de governo, não entregou nada aos caminhoneiros”, avalia Nereu Crispim. O e-mail informando o cancelamento da agenda foi enviado pela servidora Kátia Veras, chefe de gabinete da Secretaria Especial de Articulação Social, órgão da Secretaria de Governo (Segov).

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