Anúncio da ANP sobre desabastecimento de combustíveis é ‘prematuro’, diz presidente do Sincopetro
José Roberto Paiva Gouveia avalia que as regiões Norte e Nordeste devem enfrentar escassez mais rapidamente e defende reunião entre setores: ‘Milagre ninguém vai fazer’
O risco de desabastecimento de combustíveis ainda preocupa o mercado financeiro e pode colocar as regiões Norte e Nordeste em risco mais rapidamente do que outras localidades do país, como o Sul e o Sudeste. A avaliação é do presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro), José Roberto Paiva Gouveia. Embora a Agência Nacional do Petróleo (ANP) negue a possibilidade de desabastecimento no país, Paiva Gouveia enxerga que o momento atual é preocupante. “É mais um anúncio para acalmar o mercado. Não acho que proceda, porque se tem 100% faltando 20% de importação, porque 20% do produto é importado e a associação dos importadores está reclamando que não consegue importar, porque perde dinheiro, entendo que [descartar o risco de desabastecimento] é uma análise prematura da Agência Nacional do Petróleo”, disse ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan. “Diria que o risco existe, não sei se vai acontecer. O que temos que levar em consideração é que não temos como comprar em dólar e vender em real, a conta não fecha, não tem jeito”, completou.
Na visão de José Roberto Paiva Gouveia, a saída para a crise dos combustíveis passa pelo diálogo entre diversos setores e autoridades, como governo federal, Estados e municípios, além de entidades envolvidas. “Vamos ter problemas seríssimos se não for feita uma reunião, uma troca de ideias para que a gente possa buscar uma saída lógica. Milagre ninguém vai fazer, o preço vai subir e pode ser que falte produto sim”, afirmou o presidente do Sincopetro, que considera que o país enfrentou uma situação pior apenas na greve dos caminhoneiros, em 2018. “São muitos agravantes que temos que analisar com calma, ter uma conversa e buscar uma saída. Se tentar fazer por uma ponta, depois outra, não vamos chegar a lugar nenhum, porque ninguém quer perder dinheiro. Demandará uma boa conversa dos setores”, finalizou Paiva Gonveia, que vê no governo o papel de liderança para propor o debate sobre o tema. “Chame os setores e fale: ‘temos que buscar a saída’. O que não dá é achar que a culpa é só do governo. O governo não manda no mercado internacional, mas deveria mandar no mercado interno e isso não acontece.”
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