Doria nega retirada de quilombolas de grupo prioritário em plano estadual de imunização

Governador de São Paulo acusou Ministério da Saúde de retirar população da primeira etapa da imunização; em nota, Anvisa afirma que não foi feita restrição à aplicação do imunizante em habitantes de quilombos

  • Por Jovem Pan
  • 19/01/2021 12h16
ELIANE NEVES/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO - 17/01/2021 Vacinação foi iniciada no estado de São Paulo no domingo, 17

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou, em sua conta oficial no Twitter, que vai manter a população quilombola no grupo prioritário que será vacinado na primeira etapa do plano estadual de imunização. “O Ministério da Saúde excluiu os Quilombolas da fase inicial do Plano Nacional de Imunização. Acabo de determinar que em São Paulo a população Quilombola fará parte do programa de vacinação desde já, conforme previsto no Plano Estadual de Imunização”, diz a publicação do tucano. A primeira fase da vacinação em São Paulo, iniciada no domingo, 17, vai atender, além dos quilombolas, profissionais de saúde e indígenas.

Procurada pela Jovem Pan, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirmou, em nota, que “não foi feita restrição, pela Anvisa, de uso da vacina para populações quilombolas”. “O que temos nos dados apresentados no último domingo são incertezas sobre a eficácia específica para sub-grupos do estudo, ou seja, a eficácia para os grupos de idosos, jovens, pessoas com comorbidades, entre outros. A segurança da vacina está bem demonstrada e não foram feitas restrições para seu uso em relação às populações indicadas no pedido de uso emergencial”, diz o texto.

O Plano Nacional de Imunização (PNI), divulgado pelo Ministério da Saúde em dezembro de 2020, incluía os quilombolas no grupo prioritário. “Foram elencadas as seguintes populações como grupos prioritários para vacinação: trabalhadores da área da saúde (incluindo profissionais da saúde, profissionais de apoio, cuidadores de idosos, entre outros), pessoas de 60 anos ou mais institucionalizadas, população idosa (60 anos ou mais), indígena aldeado em terras demarcadas aldeados, comunidades tradicionais ribeirinhas e quilombolas, população
em situação de rua, morbidades (Diabetes mellitus; hipertensão arterial grave; difícil controle ou com lesão de órgão alvo); doença pulmonar obstrutiva crônica; doença renal; doenças cardiovasculares e cérebro-vasculares; indivíduos transplantados de órgão sólido; anemia falciforme; câncer; obesidade grau III), trabalhadores da educação, pessoas com deficiência permanente severa, membros das forças de segurança e salvamento, funcionários do sistema de privação de liberdade, trabalhadores do transporte coletivo, transportadores rodoviários de carga, população privada de liberdade”, afirma o documento.

Nesta segunda-feira, 18, o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), intimou o governo federal a atualizar o plano de vacinação contra o coronavírus. “Reportando-me ao compromisso firmado pela União Federal de encaminhar mensalmente as atualizações do Plano Nacional de Operacionalização da Vacina contra a Covid-19, intime-se o Senhor Ministro de Estado da Saúde e o Senhor Advogado-Geral da União para que procedam à referida atualização, inclusive no tocante ao cronograma correspondente às distintas fases da imunização”, determinou Lewandowski. A Jovem Pan procurou o Ministério da Saúde, mas a pasta não se manifestou até a publicação desta reportagem.

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