Abstenção acende alerta nas campanhas de Bolsonaro e Lula, e presidenciáveis tentam mobilizar eleitores

Em entrevista ao Canal do Pilhado, atual presidente fez um apelo para que apoiadores ‘não se omitam’; petistas estão preocupados com possíveis ausências onde não há mais disputa pelo governo

  • Por Jovem Pan
  • 09/10/2022 19h00 - Atualizado em 09/10/2022 19h03
SANDRO PEREIRA/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO - 02/10/2022 Um homem de verde e uma mulher com a bandeira do Brasil enrolada na cintura falam com mesários antes de votar Tradicionalmente, a abstenção aumenta entre o primeiro e o segundo turno em uma eleição presidencial

Um fenômeno comum nas eleições brasileiras é o aumento das abstenções do primeiro para o segundo turno — isso acontece desde o primeiro pleito presidencial após a redemocratização, em 1989. No último dia 2 de outubro, 32,7 milhões de eleitores preferiram ficar em casa ou ir para outro lugar em vez de comparecer ao colégio eleitoral. Tanto Jair Bolsonaro (PL) quanto Luiz Inácio Lula da Silva trabalham com um número maior de ausentes na segunda etapa de votação. Contribui para essa expectativa a alta rejeição dos dois candidatos e o fato de não haver mais disputa para governador em 14 Estados e no Distrito Federal. No coração das duas campanhas, aliados, cabos eleitorais e até influenciadores tentam mobilizar os apoiadores a comparecerem às urnas no próximo dia 30 de outubro.

Reconciliado com Bolsonaro após o primeiro turno, o senador eleito Sergio Moro (União Brasil-PR) pediu votação no atual presidente no segundo turno. “Convoco, principalmente, os eleitores de Porto Alegre, Rio de Janeiro, Goiânia e Curitiba”, escreveu o ex-juiz no Twitter, citando locais onde o eleitorado se demonstrou conservador. “A capital da Lava Jato teve grande abstenção. Vamos votar e derrotar o PT”, acrescentou. A campanha “Vem Pra Urna” iniciada por Moro se alastrou pelos nichos bolsonaristas nas redes sociais. Também eleito para o Senado, o ex-secretário especial de Aquicultira e Pesca Jorge Seif anunciou que haverá nesta terça-feira, 11, um encontro de prefeitos e deputados de Santa Catarina para definir ações contra as abstenções no Estado.

O próprio Bolsonaro fez um apelo a seus eleitores em entrevista ao canal de YouTube do apresentador Thiago Asmar, o Pilhado, da Jovem Pan News: “Se você não votar em ninguém, quem vai decidir o futuro do país será outra pessoa. As duas opções estão aí, eu ou ele. Não dá para me comparar com aquele cara. É um apelo que faço, que você possa decidir e cravar lá o número que achar melhor, mas, por favor, não se omita, não vote em branco, não falte e não anule seu voto.” 

Do lado lulista, a preocupação é por um maior número de ausentes no Nordeste, um reduto eleitoral do PT. “A abstenção é uma tarefa que temos de ter atenção nesse segundo turno”, admitiu o senador Jaques Wagner (PT-BA), durante agenda com Lula na semana passada. Assim como a campanha adversária, a do ex-presidente tenta engajar os eleitores por meio das redes sociais. “Agora, mais do que virar voto, é necessário mostrar a urgência e importância do voto. Se abster agora não é uma opção”, incentivou o advogado Augusto de Arruda Botelho, candidato a deputado federal pelo PSB — ele teve 40 mil votos e não conseguiu se eleger. Por outro lado, Cabo Daciolo, que concorreu ao Senado pelo PDT, contrariou o partido fazendo campanha por votos brancos, nulos e abstenções”. “Não podemos permitir que o PDT se torne um puxadinho do PT”, argumenta.

Veja comentários sobre abstenções feitos nas redes sociais:

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