‘Candidatura de Ciro é um desserviço ao Brasil’, diz fundador do PDT de São Paulo

Jairo Moura, que integrou a Executiva Nacional da sigla, acusa o pedetista de servir de ‘linha auxiliar do bolsonarismo’ e afirma que postura do presidenciável afasta sigla dos ideais de Leonel Brizola

  • Por Eduardo Morgado
  • 18/09/2022 15h00
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Robson Mafra/AGIF/Estadão Conteúdo - 30/07/2022 Ciro Gomes faz careta durante convenção do PDT no Paraná Ciro Gomes chega à reta final de campanha respaldado pela cúpula do PDT, mas vê pressão por voto útil assombrar sua candidatura

Em meio aos desentendimentos do Partido Democrático Trabalhista, um dos fundadores da legenda em São Paulo manifestou-se de maneira contrária à candidatura de Ciro Gomes à presidência. Com o pedetista sendo acusado de municiar ataques de aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o empresário Jairo Moura, que já integrou a Executiva Nacional do PDT, diz que o ex-governador do Ceará virou “linha auxiliar do bolsonarismo” e tem afastado o partido das ideias do ex-governador Leonel Brizola, um dos maiores nomes da história da legenda. “O PDT de hoje não é o verdadeiro PDT com as ideias do velho Brizola. Goste-se ou não, hoje não é mais”, disse em entrevista ao site da Jovem Pan. Moura é um dos signatários do manifestado que tem sido articulado por dissidentes da sigla, que defendem o “voto consciente” em Lula no primeiro turno para tentar derrotar o candidato do PL ainda na primeira etapa de votação. “O Ciro tem a candidatura dele, é um direito que ele tem, foi aprovado na convenção e não tem como negar esse direito a ele. Agora, a questão é no que ele se transformou. Hoje, basicamente ele se transformou em linha auxiliar do Bolsonaro e isso não dá para aceitar”, acrescenta.

O ex-dirigente do PDT defende um movimento de pressão sobre Ciro Gomes para que o presidenciável dê uma “marcha ré” nos ataques a Lula ou desista de sua quarta candidatura ao Palácio do Planalto. “Acho que a candidatura dele é um desserviço. Não só ao partido, mas ao Brasil. Dentro do espectro ideológico que nós representamos, não faz o menor sentido ele ter uma candidatura”, opinou. Na visão de Jairo, Ciro Gomes não abrirá mão de sua candidatura por ser “ególatra” e “autossuficiente”, além do desgaste ao PDT em ter seu nome ao Planalto fora da disputa pouco mais de dez dias antes do pleito. “Acho que é um erro dele. Ele não irá apoiar [o Lula] nem no segundo turno. Conheço o Ciro, conheço o que ele pensa e a maneira que ele age. O ressentimento dele vem desde 2018 e está muito aflorado nas posições políticas dele hoje. Pouco importa se ganhar o Bolsonaro ou o Lula. Se ganhar o Bolsonaro, para o projeto político dele de 2026, que é uma balela dizer que está colocando a ‘viola no saco’, é melhor. Será que ele é capaz de apostar nisso [reeleição de Bolsonaro]? Se ele fizer, é o pior dos mundos”, finalizou.

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