Lula discursa no Anhangabaú, tenta se mover para o centro e troca vermelho por verde e amarelo

Comício no centro de São Paulo teve a participação de Aloysio Nunes, tucano histórico e ex-ministro de Temer; aliados destacaram ‘defesa da democracia’ e chamaram Bolsonaro de ‘vagabundo’

  • Por Jovem Pan
  • 20/08/2022 13h10 - Atualizado em 20/08/2022 17h32
Ronaldo Silva/Futura Press/Estadão Conteúdo O candidato a Presidente, Lula, acompanhado de Geraldo Alckimin, Fernando Haddad, Márcio França, Dilma Rousseff, Guilherme Boulos e Gleisi Hoffmann, durante Comício do PT no Vale do Anhangabaú em São Paulo (SP), com bandeira do Brasil ao fundo no painel Lula discursa no lançamento oficial de sua campanha, no Vale do Anhangabaú, no Centro de São Paulo

Luiz Inácio Lula da Silva, postulante do PT à Presidência da República, fez um comício neste sábado, 20, no Vale do Anhangabaú, no centro de São Paulo, que marcou o lançamento oficial de sua candidatura. Cercado de aliados — alguns mais recentes, como o ex-tucano Geraldo Alckmin (PSB), candidato a vice na chapa petista, e Márcio França (PSB), que concorrerá ao Senado —, a campanha lulista tentou se aproximar mais do centro. Chamou a atenção a presença de Aloysio Nunes, ministro das Relações Exteriores do governo Michel Temer, convidado ao evento por Alckmin. No palco, o verde e amarelo se sobrepôs ao vermelho do Partido dos Trabalhadores, com direito a uma bandeira do Brasil no painel de LED no palco, e contrastou com o público presente.

O Anhangabaú foi escolhido por ter sido o palco dos atos das Diretas Já, nos anos 1980. O discurso sobre democracia esteve presente em todos discursos. Alckmin, um dos mais contundentes, declarou que ela está em risco. “As Diretas não passaram, mas ali começou a morrer a ditadura. Estávamos, há 40 anos, do mesmo lado, da democracia, do povo. Hoje, quase 40 anos depois, presidente Lula, voltamos aqui porque o Brasil precisa. Precisamos fortalecer o processo democrático. O Bolsonaro, não é que ele não confia na urna eletrônica. Ele não confia no voto do povo”, disse o ex-governador de São Paulo.

Márcio França, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), o candidato petista ao governo de São Paulo, Fernando Haddad e o candidato a deputado federal Guilherme Boulos (Psol) também discursaram, todos apontando para o suposto risco da reeleição de Jair Bolsonaro (PL) à Presidência. “O que está em jogo não é uma eleição. O que está em jogo é o que vai ser do futuro desse país pelos próximos 20 anos”, disse Haddad. “Vai parar na cadeia aquele vagabundo miliciano. É por isso que eles estão com medo”, vociferou Boulos. Também foram ao Anhangabaú a ex-prefeita Luiza Erundina (Psol), que tentará se reeleger à Câmara dos Deputados, e Eduardo Suplicy (PT), candidato a deputado estadual em São Paulo. O jornalista Chico Pinheiro, que recentemente deixou a Globo, foi o mestre de cerimônias.

Último a discursar, Lula defendeu o governo de Dilma Rousseff e defendeu o Estado laico. “O Estado não tem que ter religião, todas as religiões têm que ser defendidas pelo Estado. Mas também quero dizer: as igrejas não têm que ter partido político porque elastêm que cuidar da fé, da espiritualidade das pessoas, não de candidaturas, de falsos profetas ou de fariseus que estão enganando esse povo o dia inteiro”, bradou o ex-presidente. “Tem muita fake news religiosa correndo por esse mundo. Tem demônio sendo chamado de Deus e tem gente honesta sendo chamada de demônio. Tem gente que não está tratando a igreja para cuidar da fé ou da espiritualidade, está fazendo da igreja um palanque político ou uma empresa para ganhar dinheiro.” O nome de Bolsonaro não foi citado pelo petista.

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