Marina Silva declara apoio a Lula e petista se compromete com defesa do meio ambiente
Também estavam presentes o coordenador do plano de governo petista, Aloísio Mercadante, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann e o candidato à vice-presidência Geraldo Alckmin
Em evento realizado na tarde desta segunda-feira, 12, Marina Silva (Rede) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fizeram um encontro com a imprensa para firmar o apoio da ex-ministra do Meio Ambiente à candidatura petista. Também estavam presentes na mesa o coordenador do plano de governo de Lula, Aloizio Mercadante, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e o candidato à vice-presidência Geraldo Alckmin. Em seus discursos iniciais, Lula e Marina falaram sobre os planos para o meio ambiente e enfatizaram a defesa da democracia. “Quero dizer que esse é um momento muito importante das nossas trajetórias. Estamos vivendo um momento relevante para o nosso país. Estamos vivendo aqui um reencontro político e programático. Porque, do ponto de vista das nossas relações pessoais, tanto eu quanto o presidente Lula nunca deixamos de estar próximos e de conversar em momentos dolorosos da nossa vida. Isso é para dirimir qualquer natureza de afastamento em termos pessoais. Nosso reencontro político e programático se dá diante de um quadro grave da história política, econômica, social e ambiental do nosso país em que nós temos uma ameaça que eu considero a ameaça das ameaças: a ameaça à nossa democracia”, iniciou Marina, depois de ser apresentada por Mercadante e Hoffmann.
“Sempre que a democracia é ameaçada há a tentativa de corrosão do tecido social em todas as dimensões. E sempre que a gente está diante de propostas, atitudes e processos que constituem a possibilidade da banalização do mal, homens e mulheres se unem para salvaguardar aquilo que está cima de nós. Acima de nós está a democracia e o sofrimento do nosso povo e de 33 milhões de brasileiros vivendo com R$ 1,30. Acima de nós está o fato de já termos saído do mapa da fome, com políticas públicas que foi o senhor [Lula] que implementou, e termos voltado ao mapa da fome. Esta acima de nós o imperativo ético de dar conta do grave problema da mudança climática que ameaça o Brasil e o mundo”, declarou a ex-ministra. Na sequência, Marina exaltou conquistas dos governos lulistas como evitar lançar na atmosfera 5 bilhões de toneladas de CO2 e criar 80% das áreas ambientais protegidas no mundo, “enquanto o atual governo, em três anos e meio, é responsável pela destruição de um terço das florestas virgens d0 mundo”. A políticad a Rede também destrinchou as quatro diretrizes do plano de governo petista para o meio ambiente: uma política ambiental transversal, promoção de uma infraestrutura de desenvolvimento sustentável, constituição de uma autoridade nacional de segurança climática e a meta de desmatamento zero.
“Uma política ambiental transversal, que tenha controle e participação social, que fortaleça o sistema nacional de meio ambiente e que seja capaz de investir em desenvolvimento sustentável e agricultura de baixo carbono. Isso é completamente possível inclusive usando os R$ 340 bilhões do plano Safra, que pode ser a base dessa transição. Sermos capazes de ter uma infraestrutura de desenvolvimento sustentável, porque é preciso das suporte ao desenvolvimento econômico para um novo ciclo de prosperidade que o Brasil e o mundo devem colocar no trilho do século XXI, obedecendo o Acordo de Paris. Chegarmos ao desmatamento zero pela reimplementação atualizada do plano que o Sr. [Lula] implementou e coordenou na Casa Civil, o Plano de Prevenção e Controle ao Desmatamento da Amazônia. Poderia citar muitas coisas que são relevantes e que, ao ter colocado o nome desse documento de Resgate Atualizado da Agenda Socioambiental Perdida, ninguém melhor do que o Sr. [Lula] para fazer esse resgate, porque exatamente foi o senhor que iniciou”, detalhou a ex-ministra do Meio Ambiente.
Marina Silva declarou que o atual momento é de reencontro do país com com a sua democracia e o desejo de combate ao racismo, ao machismo e à homofobia e teceu elogios a Lula: “Compreendo que nesse momento crucial da nossa história quem reúne as maiores e melhores características para derrotar Bolsonaro e a semente maléfica do bolsonarismo que está se implementando no seio da nossa sociedade, agredindo irmãos brasileiros e ceifando a vida de pessoas por pensar diferente é a sua candidatura. Em nome daquilo que está acima de nós e olhando debaixo para cima para ver o que está acima de nós é que eu manifesto meu apoio de forma independente ao candidato e futuro presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva. Peço a Deus que a gente possa implementar aquilo que estamos nos comprometendo agora com e com o que o Sr. [Lula] se compromete diante do Brasil no conjunto do programa que me somo aqui agora”. “Vamos caminhar juntos para tornar vitoriosa a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva. E mais do que mudar de governo, mudarmos a realidade econômica, política, social e cultural do nosso país”, finalizou Marina.
Em seguida, Lula discursou e agradeceu o apoio de sua ex-ministra do Meio Ambiente: “Eu quero dizer para a companheira Marina que hoje é um dia histórico para o PT, um dia histórico para a nossa candidatura e um dia histórico para quem sonha em fortalecer a democracia no nosso país. Eu nunca estive tão distante politicamente e ideologicamente da Marina. Acho eu que, na política, de vez em quando, nós tomamos decisões. Essas decisões nos fazem percorrer determinados caminhos e nem sempre a gente se encontra nesse caminho. Mas tem momentos na história que a gente se reencontra. Esse reencontro é importante por alguma razões. Não apenas pela qualidade da proposta de programa que a Marina apresenta, que nós já vínhamos trabalhando com as federações e fundações de todos os partidos que compõem o apoio à nossa candidatura. Mas eu penso muito mais pelo momento político que a gente está vivendo. Eu acho que a minha geração, que é a geração com mais idade do que todas que estão aqui, não estava habituada a fazer política disseminando o ódio e violência como estamos vendo agora… O momento que estamos vivendo exige muito mais compreensão de todas as pessoas que fazem política”.
“A democracia está correndo risco nesse país. Os exemplos estão dados. Vocês sabem que, em 2018, duas pessoas foram assassinadas. Vocês viram agora um companheiro do PT assassinado no dia do seu aniversário. Vocês viram agora um companheiro quase ser decapitado por outro no Mato Grosso. E vocês viram a cena grotesca, vergonhosa e humilhante do comportamento de um reacionário bolsonarista entregando uma cesta básica para uma companheira que necessitava do alimento e teve a pachorra de perguntar em quem ela ia votar. E quando ela disse que ia votar no Lula, ele fez insinuações para os amigos dele, dizendo que ela não merecia mais cesta básica e ainda a mandou pedir para mim. Ele não precisava mandar ela pedir, porque a única razão para eu voltar a ser presidente da República é que nós temos que fazer mais do que fizemos nos primeiros mandatos. Eu não quero nem utilizar a palavra governar, nós temos que utilizar a palavra cuidar porque o povo brasileiro precisa de cuidado, sobretudo o povo mais pobre”, declarou o ex-presidente.
Lula também afirmou que a democracia estaria “fugindo pelos nossos dedos” e que o apoio de Marina é uma “demonstração de que a democracia tem que ser exercida mesmo quando você tem divergências pessoais com outra pessoa”. O candidato à Presidência também teceu elogios à ex-companheira de partido: “Eu vejo a Marina como uma pessoa que não mudou os seus princípios. As suas convicções, o lado que ela está, as coisas que ela acredita e o Brasil que ela quer construir continuam intactos na Marina que eu conheci e na Marina de hoje. Obviamente que hoje ela está mais madura, mais calejada, mais experimentada e eu diria que até mais ousada. Porque o programa que ela apresenta é um programa ousado em um país que precisa levar mais a sério a questão ambiental e do clima, porque o mundo está exigindo do Brasil um comportamento civilizado e que nos obriga a levar em conta que não terá discussão sobre projeto de desenvolvimento se você não colocar a questão ambiental na mesa e no programa”.
“E por que queremos voltar a governar esse país? Para fazer alguma coisa diferente do que a gente já fez. Primeiro para a gente defender o nosso legado e mostrar que é possível construir um outro país. Segundo, para a gente dizer em alto e bom som que não haverá mais garimpo ilegal nesse país”, defendeu Lula. O ex-presidente também pregou a recriação do ministério de Segurança Pública e disse que o país “tem que virar protagonista internacional na questão do clima”. No fim do discurso, Lula negou que houvesse problemas na relação entre ele e Marina: “Há muito tempo há a expectativa de que o Lula e a Marina iam conversar. Nós nunca deixamos de conversar, apenas nos desencontramos. E agora nos encontramos para cuidar da política ambiental, mas sobretudo para cuidar desse país”.
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