Presidenciáveis defendem parceria internacional, atração de investimentos e intensificação de trabalhos nas Nações Unidas
Na sexta reportagem da série sobre planos de governo dos candidatos à Presidência, Jovem Pan traz propostas de Lula, Bolsonaro, Ciro e Tebet para a política externa
Reconhecimento internacional, atração de investimentos que auxiliem no desenvolvimento econômico, na geração de empregos e no bem-estar social, além de intensificar a participação do Brasil nos trabalhos das Nações Unidas, com foco em mitigar as mudanças climáticas e garantir a paz e a segurança. Essas são algumas das principais propostas de política externa apresentadas nos planos de governo dos principais candidatos à Presidência da República. Na quinta publicação da série de reportagens sobre os programas de governo dos presidenciáveis, o site da Jovem Pan traz um raio-X das ideias e projetos defendidos pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), pelo ex-ministro Ciro Gomes (PDT) e pela senadora Simone Tebet (MDB), os quatro postulantes mais bem colocados nas pesquisas de intenção de voto divulgadas até o momento. Confira aqui as reportagens já publicadas sobre economia, educação, proteção e valorização das mulheres, saúde e segurança.
Luiz Inácio Lula da Silva
Líder nas pesquisas de intenção de voto, o candidato do Partido dos Trabalhadores utiliza quatro parágrafos em seu plano de governo para expor qual será a sua política externa. Em primeiro momento, o documento relembra tempos em que o Brasil era governado pela legenda petista, em que o país era “soberano” e “respeitado no mundo inteiro”. “Defender nossa soberania exige recuperar a política externa ativa e altiva que nos alçou à condição de protagonista global” e “contribuía para o desenvolvimento dos países pobres, por meio de cooperação, investimento e transferência de tecnologia”, afirma a diretriz da sigla para um eventual terceiro mandato de Lula. A chapa com Geraldo Alckmin (PSB) também defende a reconstrução da parceria entre América Latina e África, através da união Sul-Sul e da ampliação da participação brasileira nos assentos de organismos multilaterais. Sem explicar de que maneira isso ocorreria, o PT informa em seu plano de governo que trabalhará para “defender a integração da América do Sul, da América Latina e do Caribe, com vistas a manter a segurança regional e a promoção de um desenvolvimento integrado da região”. O fortalecimento do Mercosul, da Unasul e dos Brics integra o rol de prioridades da cúpula petista. “É estabelecer livremente as parcerias que forem as melhores para o país, sem submissão a quem quer que seja, e trabalhar pela construção de uma nova ordem global comprometida com o multilateralismo, o respeito à soberania das nações, a paz, a inclusão social e a sustentabilidade ambiental”, informa o documento, que também ressalta que a projeção internacional do Brasil não deve prescindir políticas de defesa e inteligência. Há, ainda, um trecho em que Lula e Alckmin acenam para os brasileiros que trabalham, estudam e vivem em outros países e a dupla promete retomar políticas públicas que visem a ampliação de acordos para “reconhecimento de direitos” e a melhoria na vida das populações imigrantes.
Jair Bolsonaro
Para o presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), é de extrema importância que o Brasil invista em política externa para se relacionar com o sistema internacional. O plano de governo do presidenciável define que a política externa “é fundamental que seja bem delineada e siga parâmetros claros, a fim de comunicar às demais nações o posicionamento brasileiro diante de assuntos que vão desde alianças, conflitos e negociações de paz, até acordos econômicos bilaterais ou multilaterais. A política externa deve estar alinhada aos parâmetros da Constituição Federal, como democracia, liberdade de expressão e liberdade econômica, dentre outros”. Neste contexto, o presidente pretende buscar maior interação com países que, segundo ele, defendam e respeitem valores que se encaixem no ambiente democrático. Além disso, Bolsonaro diz que continuará atrás de mercados, fontes de investimento e parcerias de cooperação com países de todo o mundo. Entre as parcerias, o atual mandatário do país promete, se reeleito, ampliar e aperfeiçoar os mecanismos existentes para fortalecer acordos econômicos. O presidente também quer atrair investimentos internacionais que auxiliem no desenvolvimento econômico, na geração de empregos e no bem-estar social. O plano do candidato à reeleição também prevê o que chama de redução de dependências externas. Isso significa que o governo quer “identificar quais são as alternativas internas e externas para substituição na eventualidade de baixa oferta externa”. Um exemplo citado no plano é que o Brasil e outros países se mostraram dependentes de insumos necessários à proteção da população contra pandemias, como máscaras, respiradores, medicamentos e vacinas. No entanto, a campanha de Bolsonaro afirma que ao mesmo tempo, o sistema de saúde e a base industrial e tecnológica brasileira demonstraram resiliência e potencial promissor para superar tais desafios e, até mesmo, fornecer insumos essenciais a outros países. Por fim, o presidente promete estreitar acordos econômicos com nações que são mais desenvolvidas, além de integrar os acordos internacionais por meio da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), organização econômica integrada por 38 países membros. “Essa adesão facilitará negócios porque ela é vista como selo de boas práticas políticas, econômicas e diplomáticas, garantindo segurança e estabilidade nas relações comerciais com outros países”, conclui o documento.
Ciro Gomes
O Projeto Nacional de Desenvolvimento de Ciro Gomes (PDT), candidato que aparece em terceiro lugar nas pesquisas eleitorais à Presidência, não apresenta diretrizes sobre a política externa a ser adotada, em caso de vitória em 2 de outubro. O programa de governo pedetista diz apenas que, se eleito, as “negociações comerciais e diplomáticas seguirão dois princípios essenciais: a defesa dos interesses nacionais e a soberania do país”. Apesar da pouca abordagem, no site oficial de sua campanha, Ciro Gomes fala em colocar em prática um projeto de desenvolvimento e geopolítica, afirmando que o Brasil precisa “se posicionar adequadamente perante o conjunto das nações” para decidir seu destino. Neste aspecto, o ex-ministro exalta a soberania dos países, solução pacífica de conflitos, defende a integração latino-americana e caribenha como um imperativo da região e o fortalecimento do Brics. Por fim, o candidato do PDT defende a necessidade do Brasil buscar nas relações internacionais transferência tecnológica e abertura de mercados diversos. “Ações como essa poderiam sustentar um processo de reindustrialização do país, com foco em áreas estratégicas definidas em um projeto nacional de desenvolvimento”, diz a campanha.
Simone Tebet
A campanha de Simone Tebet (MDB), por sua vez, tem como uma das principais ações da política externa a recuperação do prestígio da diplomacia brasileira a nível internacional, propondo intensificar a participação do país nos trabalhos das Nações Unidas, com foco em mitigar as mudanças climáticas; promover o desenvolvimento sustentável; garantir a paz e a segurança internacionais; combater o tráfico de armas e de drogas, a corrupção, o terrorismo e a guerra cibernética, entre outras questões globais; e reformar a Carta da ONU e ampliar seu Conselho de Segurança. Assim como Ciro Gomes, o plano de governo emedebista também fala em reforçar a integração latino-americana, com a proposta de aprofundar acordos já existentes ou criar novos alianças. O documento apresentado à Justiça Eleitoral também propõe um melhor relacionamento na América do Sul, a consolidação do Mercosul e uma mudança na atuação do Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC). Como últimas propostas, a senadora fala em facilitar os fluxos bilaterais de pessoas, bens, serviços, investimentos e tecnologia, assim como engajar a participação do país em grupos como o G-20 e o Brics, “com vistas ao fortalecimento do multilateralismo”, e avançar no processo de acesso à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
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