Tarcísio e Haddad colam em padrinhos e nacionalizam temas em debate na TV

Candidatos do Republicanos e do PT defenderam gestões de Bolsonaro e Lula em embate morno marcado por perguntas sobre segurança, saúde e orçamento público

  • Por Jovem Pan
  • 10/10/2022 23h45 - Atualizado em 11/10/2022 00h01
Reprodução/YouTube/Band Jornalismo Candidatos debatem em palco de emissora Candidatos ao Governo de São Paulo falaram sobre temas como ICMS dos combustíveis, segurança pública, pandemia e Orçamento Secreto

Os dois candidatos que disputam o Governo de São Paulo se enfrentaram nesta segunda-feira, 10, no primeiro debate do segundo turno das eleições 2022. Apesar de divergências e algumas cutucadas, o encontro promovido pela TV Band entre Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) e Fernando Haddad (PT) foi marcado principalmente por discussões de propostas, sem xingamentos entre os oponentes. Os principais temas abordados incluíram segurança pública, vacinação na pandemia, saúde, infraestrutura, revitalização do Centro urbano, transporte público e ICMS. Entretanto, mesmo com a variedade de assuntos, novamente o destaque ficou nos reflexos da polarização Lula-Bolsonaro na disputa local, com ambos concorrentes mencionando seus padrinhos políticos e criticando inúmeras vezes os oponentes na disputa nacional. Haddad, por exemplo, em nenhum momento atacou diretamente o ex-ministro da Infraestrutura, seu adversário na eleição. No entanto, ele já iniciou suas colocações criticando o presidente Jair Bolsonaro (PL) por ter descumprido o acordo feito com o Congresso Nacional que previa a restituição financeira aos Estados pela redução da alíquota do ICMS dos combustíveis, tema que abriu o debate.

“Depois de quatro anos espoliando os consumidores com aumentos sucessivos da gasolina, gás de cozinha, por desespero, o governo [Bolsonaro] quis fazer caridade com chapéu alheio. Tirou dos governadores, prometeu ao Congresso e vetou a restituição”, disse o ex-prefeito de São Paulo. Em visão oposta, Tarcísio de Freitas iniciou sua fala parabenizando o governo Bolsonaro pela medida aprovada e exaltando os reflexos da diminuição para a população. “A redução do ICMS foi uma briga comprada por Bolsonaro para aliviar o cidadão e teve efeito. A comida vai chegar mais barata, os produtos vão chegar mais baratos e já vemos redução nos preços das cestas básicas”, afirmou, também se comprometeu com a menor alíquota”, afirmou.

Outro ponto de nacionalização da disputa local foi a saúde e crise sanitária. Embora tenham citado propostas para o futuro governo, como criação de hospitais e uso da telemedicina, o grande foco do debate foi a posição do atual governo na pandemia de Covid-19. De um lado, Fernando Haddad citou momento polêmicos do atual presidente, como falas sobre pessoas sem oxigênio e suicídio, e questionou o oponente: “Você concorda com a atitude de Bolsonaro nas vacinas? Você não teve uma palavra sobre saúde”, disse o ex-ministro, que também mencionou ações do presidente em diversos momentos. “Ele próprio debochou das pessoas, chamou de gripezinha uma doença que matou quase 700 mil pessoas”, completou. Em resposta, o candidato do Republicanos falou em “grande sucesso do case de vacinação do Brasil” e citou a compra de imunizantes de quatro farmacêuticas pelo governo federal ao longo do último ano.

Em contrapartida, Tarcísio resgatou uma fala de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), quando o ex-presidente disse que, se eleito, vai gerar mais empregos, embora não saiba como. “‘Vou tornar o brasileiro mais feliz, mas não sei como’. O presidente Bolsonaro sabe como e o Brasil está gerando emprego porque geramos o caminho”, afirmou o ex-ministro, que exaltou em outros momentos o que considera feitos econômicos do atual governo. “A mão do governo federal salvou milhares de empregos, milhares de empresas [na pandemia]. Foi determinante para que o Brasil não entrasse em colapso”, disse. Outros temas nacionais que foram incorporados no debate incluem o chamado Orçamento Secreto, como são chamados os R$ 16 bilhões em emendas de relator; relação com o Centrão e o Congresso de centro-direita; e os decretos presidenciais de sigilo de 100 anos. “Para que isso? Não é nada republicano, nem na ditadura foi assim”, cutucou Haddad.

Olhando os temas locais, o principal ponto de discordância dos candidatos foi a segurança pública. Fernando Haddad defendeu a continuidade do uso de câmeras nos uniformes policiais, citando dados que apontam redução de 80% da morte de agentes, enquanto Tarcísio afirmou que os equipamentos de vídeo “incomodam, tiram a liberdade e estão fazendo mal para a segurança pública”. “Como você, que se diz técnico, vai desafiar os dados?”, questionou o ex-ministro da Educação. Em resposta, o ex-ministro prometeu focar na segurança pública e exaltou: “Não tem progresso sem ordem. A era de tratar policial como suspeito e bandido como parceiro, vai acabar.” Outro tema de debate foi a cultura. O ex-ministro defendeu economia criativa e a interiorização das atividades culturais, já o ex-prefeito de São Paulo exaltou a ausência de uma liderança do setor no quadro ministerial do governo Bolsonaro e criticou veto presidencial às leis Aldir Blanc e Paulo Gustavo. “Não é assim que se administra um país, precisamos de um estadista lá, um estadista aqui”, defendeu o petista, novamente em referência a Lula.

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