TSE proíbe campanha de Lula de associar Bolsonaro a canibalismo em propaganda eleitoral 

Apesar de ter caráter imediato, a medida do ministro Paulo de Tarso Sanseverino foi tomada de forma liminar

  • Por Jovem Pan
  • 08/10/2022 23h57 - Atualizado em 08/10/2022 23h59
MATEUS BONOMI/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO Jair Bolsonaro Presidente Jair Bolsonaro (PL) é candidato à reeleição nas eleições de 2022

Ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Paulo de Tarso Sanseverino determinou na noite deste sábado, 8, que a campanha de Lula (PT) interrompa a veiculação de uma propaganda que associa o presidente Jair Bolsonaro (PL) ao canibalismo. A decisão atende o pedido do chefe do Executivo, que é candidato à reeleição. Apesar de ter caráter imediato, a medida foi tomada de forma liminar pelo juiz. Desta forma, ela precisará passar pelo plenário, sendo analisada por todos os ministros do Tribunal. “Na forma em que divulgadas as mencionadas falas do candidato Jair Messias Bolsonaro, retiradas de trecho de antiga entrevista jornalística, há alteração sensível do sentido original de sua mensagem, porquanto sugere-se, intencionalmente, a possibilidade de o candidato representante [Bolsonaro] admitir, em qualquer contexto, a possibilidade de consumir carne humana e não nas circunstâncias individuais narradas no mencionado colóquio, o que acarreta potencial prejuízo à sua imagem e à integridade do processo eleitoral que ainda se encontra em curso”, considerou Sanseverino. “A reportagem se refere a uma experiência específica dentro de uma comunidade indígena, vivida de acordo com os valores e moralidade vigentes nessa sociedade”, acrescentou em sua decisão.

A propaganda em questão traz uma antiga entrevista de Jair Bolsonaro, concedida ao “The New York Times”, em 2017. Na ocasião, o então deputado federal diz que “comeria um índio sem problema nenhum” e afirma que só não experimentou a carne indígena porque sua comitiva não aceitou participar do suposto ritual. “É pra comer. Cozinha por 2 ou 3 dias e come com banana. Eu queria ver o índio sendo cozinhado. Daí o cara: ‘se for, tem que comer’. Eu como! Ai a comitiva, ninguém quis ir. Eu comeria um índio sem problema nenhum”, fala o hoje presidente da República, ressaltando que o ritual fazia parte da cultura Yanomani. À Agência Pública, entretanto, o presidente do Condisi (Conselho do Distrito Sanitário Indígena) Yanomami, Junior Hekurari, negou que a prática do canibalismo faça parte da cultura local.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.