Em São Paulo, partidos discutem soluções para debate presencial
Manifesto suprapartidário foi enviado às emissoras pedindo pela manutenção dos debates
Após Record, CNN, SBT, RedeTV e Globo cancelarem os debates eleitorais do 1º turno com os candidatos a prefeito de São Paulo, os partidos organizaram um grupo em busca de soluções para a negativa das emissoras. Até o momento, apenas a TV Cultura se dispôs a fazer um debate presencial. O evento está marcado para 12 de novembro, três dias antes do 1º turno. Representantes de pelo menos oito partidos participam do grupo para discutir a organização de um debate virtual entre os candidatos e para pressionar os canais de televisão a realizarem os debates. Um manifesto suprapartidário assinado pelo Patriota, PCdoB, PDT, PSB, PSD, PSDB e coligação (MDB, DEM, PP, PL, Cidadania, Podemos, PSC, PROS, PV, PTC), PSL, PSOL e coligação (PCB e UP), PT e REDE foi enviado às emissoras pedindo a manutenção dos debates.
“As eleições municipais de 2020 podem entrar para a história como aquelas com o menor número de debates entre os candidatos desde a redemocratização. Vemos com profunda preocupação a decisão da maioria das emissoras de televisão do país de cancelar a realização de debates no primeiro turno por causa da pandemia do novo coronavírus“, diz o manifesto enviado às emissoras. “Os debates cumprem um valioso papel para a democracia. Em todo o calendário eleitoral, é o único espaço que permite ao eleitor comparar, frente a frente, as propostas de cada candidatura”, afirma o documento. Os partidos alegam que, apesar de entenderem as restrições, se respeitadas as normas sanitárias, não há motivo que justifique o cancelamento dos debates. O manifesto elogia a Band, única emissora que realizou debates até agora. Os partidos pedem para que tais decisões sejam revistas, mantendo o calendário inicial discutido e aprovado entre emissoras e partidos.
Debates independentes
De acordo com o secretário de comunicação do PT, Aparecido Luiz, algumas opções apareceram, como debates virtuais e presenciais. Mas o Partido dos Trabalhadores não acha viável a realização de um debate online. “Particularmente, o PT tem preocupação em relação a isso, porque um debate online pode ter algumas surpresas. Por exemplo, vai que algum candidato fica com ponto eletrônico sendo instruído pelos assessores. Isso tira muito da espontaneidade do debate”, comentou o secretário à Jovem Pan. É provável que os partidos não cheguem a um acordo para o debate online, mas a opção presencial, com todos os candidatos no mesmo estúdio, agrada mais a sigla. No entanto, o objetivo do grupo não é organizar o debate eletrônico, mas dialogar com as emissoras para que elas mantenham os debates tradicionais. “Alguns jornais querem fazer debate apenas com seis candidatos, o que também, ao nosso ver, fere um pouco o espírito democrático das eleições”, explica Aparecido.
A assessoria de Guilherme Boulos (PSOL) confirmou que o objetivo da aliança é fazer com que as emissoras mantenham os debates. O PSOL não tem conhecimento sobre a possível organização de debates independentes entre os partidos. Apesar do PSDB assinar a carta, a responsável pelos debates e sabatinas não conhece a iniciativa. “Tenho participado de todos os encontros junto às emissoras de televisão, jornais, rádios e portais de notícias. Já ouvi falar, mas não fui convidada para fazer parte desse grupo”, disse a assessora de campanha do atual prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB). A assessoria de Joice Hasselmann (PSL) afirmou conhecer a iniciativa, mas não deu mais detalhes sobre o conteúdo das discussões.
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