Jefferson deixa presidência do PTB, e Cristiane Brasil sobe o tom: ‘Querem tomar o partido no tapetão’
‘Urdem um verdadeiro golpe’, disse à Jovem Pan a filha do ex-deputado federal; preso desde agosto, cacique se afastou do comando da legenda por tempo indeterminado
A ex-deputada federal Cristiane Brasil criticou a decisão de seu pai, Roberto Jefferson, de pedir licença, por tempo indeterminado, da presidência do PTB. O ex-parlamentar comunicou seu afastamento por meio de carta, divulgada neste domingo, 24, um dia depois do cacique partidário ser internado na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do presídio Bangu 8, no Complexo de Gericinó, onde está preventivamente preso desde o dia 13 de agosto. A prisão de Jefferson foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que atendeu a um pedido da Polícia Federal (PF). Na decisão, o magistrado escreveu que o presidente da legenda faz parte de uma “organização criminosa” que busca “desestabilizar as instituições republicanas”.
“Venho por meio desta carta, pedir licença, por prazo indeterminado, enquanto durar essa minha prisão preventiva, da Presidência do Partido Trabalhista Brasileiro. Percebo a necessidade de uma presença mais próxima da gestão partidária, que por razões óbvias eu não tenho podido assumir. Essa semana dois contratos que precisavam ser assinados, eu não pude fazê-lo, pois a Administração Penitenciária não autorizou. Autoriza que eu assine procurações, mas contratos contrariam a norma interna da Secretaria Penitenciária. Assinar é falta grave. Nós precisamos agir com rapidez e cuidados. Desvelo e agilidade, o que minha atual condição impede, por isso me licencio. Tenho certeza que a Graciela Nienov está pronta para o pleno exercício da função, além de contar com o apoio de quase totalidade do diretório e maioria quase absoluta dos presidentes regionais, à exceção de Alagoas e Mato Grosso”, diz um trecho da carta.
Em mensagem de texto enviada à Jovem Pan, Cristiane Brasil diz que seu pai teme ser afastado da presidência do PTB por uma decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, e faz críticas à vice-presidente nacional do partido, Graciela Nienov. Para a ex-deputada, a dirigente exerce uma “catastrófica influência” em Jefferson e articula “um verdadeiro golpe” contra o comando da legenda. “O verdadeiro motivo do pedido de licença do meu pai da presidência do PTB é que ele imagina que o Alexandre de Moraes queira retirá-lo da presidência do partido, seja pela prisão, ou pela análise das contas partidárias. Sob a catastrófica influência de Graciela e de seu grupo de falsos cristãos trabalhistas, meu pai gravou um vídeo amaldiçoando seu algoz, o que vai contra todo ensinamento genuinamente evangélico. Essa gente acaba de entrar no partido! Eles urdem um verdadeiro golpe contra os diretorianos que sustentam meu pai na presidência há muitos anos, e pretendem convocar os convencionais para tomarem o partido no tapetão. Pouco a pouco vão mudando diretórios, regras, e afastam quem quer que faça críticas ao comportamento da ‘ungida do R. Jesus’. Ungida essa cuja máscara caiu, revelando uma loba na pele de leoa e cujos gastos estão sob investigação, como, por exemplo o aluguel de uma mansão de R$13.000,00 de cinco suítes no Lago Sul. O derradeiro golpe foi afastarem o secretário de finanças do partido, Luiz Rondon, e demitirem a melhor técnica de contabilidade que tivemos, sob o pretexto que eles teriam vazado documentos e contratos internos, para poderem continuar sua farra com o dinheiro público”, diz Brasil.
No documento, Jefferson fala sobre a existência de um “grupo conspiratório”, formado pelo ex-tesoureiro do partido Luiz Rondon, pelo deputado estadual Antônio Albuquerque (PDT-AL) e pelos deputados federais Nivaldo Albuquerque (AL), Wilson Santiago (PB), Pedro Augusto Bezerra (CE) e Emanuel Pinheiro Neto (MT), que atuaria para minar e enfraquecer o partido. Em outro trecho da carta, o ex-deputado federal se dirige aos filhos, sem citá-los nominalmente, e afirma: “filho é igual peido, nós aturamos os nossos”. “Sou rebelde por não reconhecer a pessoa que transformaram meu pai. Junto com meus irmãos, viramos ‘peidos’ para que a nova filha adotiva do partido e suas amigas possam concretizar seu plano macabro. Dizem que estou sofrendo processo disciplinar, mas nunca fui sequer notificada dos motivos para que eu pudesse me defender, conforme determina o estatuto. Não aceito injustiça. Como meu pai mesmo diz: não se negocia com a tirania, a tirania se esmaga”, rebate Cristiane Brasil.
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