‘Kamikaze é a política ortodoxa de Guedes; com ele não tem diálogo’, diz autor da PEC dos Combustíveis no Senado

Em entrevista à Jovem Pan, senador Carlos Fávaro (PSD-MT) rebateu críticas do ministro da Economia, que classifica proposta que reduz tributos dos combustíveis, do gás e da energia elétrica como uma ‘bomba fiscal’

  • Por André Siqueira
  • 08/02/2022 12h04 - Atualizado em 08/02/2022 12h27
Edilson Rodrigues/Agência Senado Senador Carlos Fávaro durante sessão Senador Carlos Fávaro, do PSD, é autor da PEC dos Combustíveis que deve tramitar no Senado

Autor da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que reduz os tributos incidentes sobre os combustíveis, o gás e a energia elétrica, o senador Carlos Fávaro (PSD-MT) não poupa críticas ao ministro da Economia, Paulo Guedes. Em entrevista à Jovem Pan, o parlamentar rebateu a pecha de “kamikaze” atribuída pela equipe econômica à proposta, que conta com o apoio de senadores governistas e de oposição, e afirmou que “não tem diálogo” com o titular da pasta. “Não tem nada de kamikaze na nossa proposta. Kamikaze é largar o povo na política ortodoxa do Guedes, que não apresenta uma alternativa, uma política pública, enquanto a gasolina está oito reais e o povo faz fila para comprar osso”, disse à reportagem. “Ele tratou de forma pejorativa a proposta. Ele gosta de política que enche o bolso de banqueiro. No momento de crise, kamikaze é a política pública dele, que não olha para o social, que não se preocupa com os brasileiros. Não tem diálogo com o Paulo Guedes”, segue o senador.

Nesta segunda-feira, 7, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) subscreveu a PEC de Carlos Fávaro, em um gesto que foi lido por integrantes do Senado como um endosso do Palácio do Planalto ao projeto. Antes do filho Zero Um do presidente da República, o líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO), e outros parlamentares governistas, como Marcos Rogério (PL-RO), Chico Rodrigues (DEM-RR), Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) e Carlos Viana (MDB-MG), já haviam assinado a proposta, que precisa do apoio de 27 senadores para começar a tramitar – pelo menos 31 já assinaram. “O gesto do senador Flávio é importante. Mostra que, apesar do Ministério da Economia ter tratado de forma pejorativa, é uma proposta que o mercado já assimilou – o dólar chegou a abaixar, diferente do que Guedes dizia. Na sexta, as ações da Petrobras subiram. Nós apontamos a fonte de recursos para a proposta, demos liberdade para que governadores, prefeitos e a União abaixem a carga tributária. O conjunto está apontado. O Congresso busca soluções para a crise e esse gesto mostra que o governo está sensibilizado”, avalia Fávaro.

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, publicada nesta terça-feira, 8, o ministro Paulo Guedes afirmou que a PEC dos Combustíveis do Senado é “uma bomba fiscal”. A proposta, criticada por integrantes da equipe econômica, permite que a União repasse até R$ 5 bilhões a Estados e municípios, para projetos de mobilidade urbana que beneficiem idosos, cria um auxílio diesel de R$ 1,2 mil para caminhoneiros, eleva de 50% para 100% o subsídio ao gás de cozinha para famílias de baixa renda, e reduz impostos federais não só sobre os combustíveis, mas também sobre a energia elétrica. Segundo auxiliares de Guedes, a PEC do senador Carlos Fávaro pode gerar um impacto de mais de R$ 100 bilhões para os cofres da União.

Além da PEC de Carlos Fávaro, outros três projetos que buscam uma alternativa para conter a alta do preço dos combustíveis tramitam no Congresso Nacional. A proposta apresentada na Câmara dos Deputados pelo deputado federal Christino Áureo (PP-RJ) conta com o apoio de uma ala do governo, foi redigida por um servidor da Casa Civil e tem um impacto estimado em R$ 54 bilhões. No Senado, há também a proposta relatada pelo senador Jean Paul Prates (PT-RN), que cria um fundo de estabilização dos preços do diesel, da gasolina e do gás, e conta com a simpatia dos governadores.

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