Guedes tenta ‘barrar’ PEC dos Combustíveis com base na lei eleitoral

Articulação política feita nos bastidores não agrada parlamentares e nem o mercado econômico

  • Por Jovem Pan
  • 08/02/2022 10h10 - Atualizado em 08/02/2022 11h39
DIDA SAMPAIO / ESTADÃO CONTEÚDO - 22/10/2021 Ministro da Economia, Paulo Gedes fala com a mão levantada Ministro da Economia, Paulo Guedes

O ministro da Economia, Paulo Guedes, está montando uma força tarefa para mudar a opinião do presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre a PEC dos combustíveis. Na opinião dele, a redução dos impostos precisa ser direcionada apenas para o óleo diesel, excluindo o etanol e a gasolina. Guedes tenta usar as barreiras impostas pela legislação eleitoral para barrar a PEC. A lei veda a concessão de benefícios em ano de eleições. A proposta de emenda à constituição apresentada na semana passada pelo deputado Cristiano Áureo (PP-RJ) no Congresso Nacional visa permitir zerar os impostos federais e estaduais sobre todos os combustíveis. O parlamentar é amigo do ministro da casa civil Ciro Nogueira, um dos mais empolgados com a PEC. A proposta pode gerar um impacto de R$ 54 bilhões para o governo federal.

A articulação política feita nos bastidores por Guedes não foi bem vista pelo Congresso e muito menos no mercado financeiro. Na visão de parlamentares e especialistas, Guedes estaria jogando contra o mercado, deixando vários setores da economia na mão. Para o economista Fábio Bentes, da Confederação Nacional do Comércio (CNC), a intenção do ministro Paulo Guedes pode piorar o cenário econômico. Por isso é preciso ter um equilíbrio para que o combustível de uma forma geral tenha uma redução para que todos os setores saiam ganhando com a PEC.

“Acho que a medida em si é bem-vinda, ao baixar o preço do diesel, mas é claro que o setor produtivo conta com uma redução mais significativa no preço dos combustíveis. Principalmente o setor de serviços, que depende mais de gasolina e etanol do que por exemplo o comércio e a indústria, que dependem um pouco mais do diesel. Justamente setor de serviços, que vem apresentando dificuldades por conta dessa nova variante [do coronavírus], seria muito bem-vinda que essa PEC fosse implementada de forma completa, que ela abrangesse todos os combustíveis. Quando a gente olha os índices de inflação, os impactos, principalmente no etanol, o etanol subiu mais, inclusive que a gasolina”, afirmou Bentes.

*Com informações do repórter Maicon Mendes

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