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Na CPI da Covid-19, Teich diz que deixou o governo por pressão para ampliar uso da cloroquina

Ex-ministro da Saúde prestou depoimento nesta quarta-feira, 5

Em seu depoimento à CPI da Covid-19 nesta quarta-feira, 5, o ex-ministro Nelson Teich afirmou que deixou o governo federal por pressão do presidente Jair Bolsonaro para ampliar o uso da cloroquina, remédio sem comprovação científica no tratamento do novo coronavírus. O médico oncologista pediu demissão 29 dias após tomar posse – ele sucedeu Luiz Henrique Mandetta no comando da pasta. Aos integrantes da comissão, disse que tomou esta decisão por ter constatado que não teria liberdade nem autonomia para implementar medidas de combate à doença. “Percebi ao longo daquele período que não teria autonomia necessária para conduzir o Ministério da Saúde. O pedido específico [de demissão] foi pelo desejo de ampliação do uso da cloroquina. Esse era o problema pontual, mas isso refletia uma falta de autonomia e de liderança”, disse. “Enquanto a minha convicção pessoal, baseada em estudos, era de que naquele momento não existia evidência de sua eficácia para liberar, existia um entendimento diferente por parte do presidente, que era amparado na opinião de outros profissionais, até do Conselho Federal de Medicina, que, naquele momento, autorizou a extensão do uso”, acrescentou.

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O ex-ministro também fez uma reconstituição de seus últimos dias à frente do Ministério da Saúde. Segundo Teich, o estopim para o pedido de demissão foi uma série de declarações de Bolsonaro. “Naquela semana [em que pedi demissão], teve uma fala do presidente na saída do Alvorada, onde ele fala que o ministro tem que estar afinado, cita meu nome especificamente. Na véspera, tem uma reunião com empresários, onde ele fala que o medicamento vai ser expandido. A noite, tem uma live, onde coloca que espera que, no dia seguinte, vá acontecer a expansão do uso. No dia seguinte, pedi a minha exoneração”, explicou.

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