‘Não encha o saco’, diz Bolsonaro à CPI da Covid-19 por críticas ao tratamento precoce

Uso de medicamentos sem comprovação científica para o combate ao novo coronavírus foi tema recorrente da primeira semana de depoimentos na comissão do Senado

  • Por Jovem Pan
  • 07/05/2021 11h30 - Atualizado em 07/05/2021 16h23
LUIZ GOMES/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚD presidente jair bolsonaro, homem branco de cabelos grisalhos e camisa branca, olhando para o lado. Foto somente do rosto dele Declaração foi feita em publicação em seu perfil no Facebook

Após a conclusão da primeira semana de depoimentos na CPI da Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro fez uma publicação, nesta sexta-feira, 7, em “resposta aos inquisidores” da comissão sobre o chamado tratamento precoce. O uso de remédio ineficazes para o combate ao novo coronavírus é uma das bandeiras do chefe do Executivo federal desde o início da pandemia e foi um tema recorrente nas oitivas dos ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich e do atual comandante do Ministério da Saúde, Marcelo Queiroga. “Não encha o saco de quem optou por uma linha diferente da sua, tá ok?”, escreveu na postagem.

Na publicação, Bolsonaro afirma que existem três tipos de médicos: os que receitam cloroquina, os que receitam ivermectina e os que orientam uma pessoa infectada com a Covid-19 a procurar atendimento médico apenas quando sentir falta de ar. “Resposta aos inquisidores da CPI sobre o tratamento precoce: uns médicos receitam Cloroquina; outros a Ivermectina; e o terceiro grupo (o do Mandetta), manda o infectado ir para casa e só procurar um hospital quando sentir falta de ar (para ser entubado). Portanto, você é livre para escolher, com o seu médico, qual a melhor maneira de se tratar. Escolha e, por favor, não encha o saco de quem optou por uma linha diferente da sua, tá ok?”, diz o post, que teve mais de 9 mil compartilhamentos em pouco mais de uma hora.

Na CPI, os ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich afirmaram que a pressão do governo federal para o uso amplo da cloroquina foi um dos motivos que contribuíram para o desgaste da relação com o Palácio do Planalto. Teich, inclusive, disse que falas públicas de Bolsonaro na semana em que o oncologista pediu demissão foram o estopim para a sua tomada de decisão. Queiroga, por sua vez, evitou tecer comentários sobre o tema – em mais de uma ocasião, ao longo das mais de seis horas de depoimento, ressaltou que esta é uma “questão técnica” que está sendo avaliada pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologia do Sistema Único de Saúde (SUS). A Organização Mundial da Saúde, porém, recomenda que a cloroquina e a ivermectina não sejam utilizadas no tratamento da Covid-19.

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