Nunes Marques pede vista e adia fim do embate entre Lula e Moro no STF

Indicado pelo presidente Jair Bolsonaro ao STF afirmou que tempo para análise do caso foi ‘extremamente curto’; placar parcial é de 2 a 2

  • Por André Siqueira
  • 09/03/2021 17h11 - Atualizado em 09/03/2021 20h22
Fellipe Sampaio/STF Ministro Nunes Marques foi indicado pelo presidente Jair Bolsonaro ao STF Votação será retomada somente quando houver manifestação do ministro Nunes Marques

Indicado pelo presidente Jair Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Kássio Nunes Marques pediu vista, isto é, mais tempo para analisar o caso da suspeição do ex-ministro Sergio Moro. “Nunca acessei esse processo, nunca tive sequer a curiosidade. Até tentei alinhar o voto diante do que vi. O tempo foi extremamente curto para um membro que jamais participou do processo e nunca teve conhecimento sobre ele”, afirmou. Com isso, o julgamento não será finalizado nesta terça-feira, 9. Até o momento, o placar parcial é de 2 votos a 2. Mesmo com o pedido de Nunes Marques, o ministro Ricardo Lewandowski adiantou seu voto e fez diversas críticas à atuação de Moro. “Restou escancarada uma devida confusão entre as atribuições de julgar e de acusar por parte do então magistrado Sergio Moro. E o pior: confusão esta motivada por razões mais do que espúrias”, disse. A ministra Cármen Lúcia ressaltou que possui um novo voto escrito, que será apresentado após o posicionamento de Marques – ela votou contra a suspeição do ex-juiz federal em dezembro de 2018.

O caso foi incluído na pauta pelo ministro Gilmar Mendes na manhã desta terça-feira, 9, após o ministro Edson Fachin anular todas as condenações relativas ao petista e defender, em seu despacho, que a petição sobre a suposta parcialidade do magistrado havia perdido o objeto, ou seja, não teria por que ser julgada. Em seu despacho, Fachin afirmou que, com a anulação de todos os atos judiciais de Moro, o pedido de habeas corpus impetrado pela defesa do ex-presidente Lula teria perdido o objeto, ou seja, não teria por que ser mais julgado. Como a Jovem Pan mostrou, isso abria caminho para que o ex-juiz federal se livrasse de ser declarado parcial pela Corte. Entretanto, havia uma expectativa em relação ao que aconteceria com a ação sobre a suspeição. O julgamento teve início ainda em 2018, quando os ministros Edson Fachin e Cármen Lúcia votaram contra o pedido dos advogados do petista. O ministro Gilmar Mendes, por sua vez, pediu vista.

Na sessão desta terça-feira, Mendes também votou pela suspeição de Moro e fez diversas críticas ao ex-juiz federal e à Operação Lava Jato. Segundo Gilmar, Moro agiu para tirar o petista do jogo eleitoral e deslegitimar politicamente o Partido dos Trabalhadores (PT). “Falo isto com a maior tranquilidade, porque não cheguei aqui pelas mãos do PT. Eu era considerado opositor a algumas práticas do PT”, disse. Gilmar Mendes foi indicado para o STF pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 2002. Em mais de um momento, o ministro afirmou que qualquer semelhança da Operação Lava Jato com regimes totalitários, não é mera coincidência.

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