O que bolsonaristas pensam sobre a fusão do PSL com o DEM

Ala ligada ao Palácio do Planalto critica busca por candidato da ‘terceira via’ e diz estar de malas prontas para deixar o partido

  • Por André Siqueira
  • 28/09/2021 09h35
Pablo Valadares/Câmara dos Deputados - 06/05/2021 De terno preto, camisa branca, gravata xadrez (puxando para o azul), o deputado federal Carlos Jordy entrelaça as mãos enquanto fala no plenário da Câmara Martelo batido: aliado de Bolsonaro no PSL, Carlos Jordy deixará o partido após a fusão

A provável fusão entre DEM e PSL terá um efeito prático imediato: o desembarque de parlamentares ligados ao presidente Jair Bolsonaro. Os deputados federais ligados ao Palácio do Planalto têm dito que assistem ao processo de criação de um novo partido como “meros espectadores”, uma vez que quase metade da bancada eleita em 2018 já definiu que buscará uma nova sigla nos próximos meses. Quando questionados sobre para onde irão, muitos deles repetem uma máxima: “meu partido é o Bolsonaro”.

Como a Jovem Pan mostrou, além de ostentar a condição de maior bancada da Câmara dos Deputados, a principal ideia do novo partido é lançar um candidato à Presidência da República. Atualmente, DEM e PSL possuem três pré-candidatos ao Planalto: o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) e o apresentador José Luiz Datena (PSL). Pacheco, vale dizer, tem sido cortejado pelo PSD, de Gilberto Kassab.

A busca por um candidato da chamada “terceira via”, inclusive, explica por que bolsonaristas decidiram deixar o PSL. “É uma fusão que vai ser contra o Bolsonaro. Eles não vão apoiar o presidente. Por isso, estou saindo. Eles têm Mandetta, Pacheco e Datena, querem fazer um candidato de terceira via. O que vai acontecer é que o partido será o mais rico do brasil e com o maior tempo de televisão. Em número de parlamentares, só do PSL sairão, no mínimo, 25 deputados. O que vai segurar os outros é o dinheiro, mas isso para mim não é o mais importante. Vou para um partido que apoie Bolsonaro”, disse à Jovem Pan o deputado federal Bibo Nunes (PSL-RS).

“Vejo essa fusão como mero espectador, porque não vou permanecer no partido. Esse processo de fusão acontece porque o PSL sabe que vai perder identidade. Como Bolsonaro saiu e os aliados bolsonaristas vão sair também, a sigla perde identidade. É uma questão de sobrevivência. Tomaram essa decisão para fortalecer o partido. Do lado de cá, a gente simplesmente acompanha e espera a decisão do presidente Bolsonaro. Assim que ele tiver um partido, vamos com ele”, afirmou à reportagem o deputado Carlos Jordy (PSL-RJ).

A deputada Carla Zambelli (PSL-SP), uma das mais ferrenhas defensoras de Bolsonaro no Parlamento, admite que foi convidada por outros partidos, mas afirma que “é muito cedo para fazer previsões acerca de filiações”. Ela avalia, no entanto, que siglas de centro não conseguirão emplacar um nome capaz de rivalizar com o presidente da República e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Mais de 10 pré-candidatos à Presidência convocaram a população para se manifestar no último 12 de setembro. Acho que o tamanho da terceira via ficou evidente nas ‘minifestações’ que aconteceram parcamente pelo país”, disse à Jovem Pan. “A função do moderado — nesse caso, a suposta ‘terceira via’ — é entregar o poder aos radicais”, acrescenta.

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