Oposição aumenta pressão por CPMI do 8 de Janeiro após vazar vídeo de ministro do GSI com manifestantes

Parlamentares dizem que instalação da comissão é prioridade e questionam o governo sobre sigilo nas gravações: ‘O que mais vamos descobrir, Lula?’

  • Por Jovem Pan
  • 19/04/2023 12h52 - Atualizado em 19/04/2023 16h55
Sérgio Lima/AFP - 08/01/2023 Homens sobem na estátua do STF Manifestantes romperam barricadas policiais e invadiram o Congresso, o Palácio do Planalto e o STF em 8 de janeiro

O vazamento de um vídeo que mostra o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias, durante os atos de 8 de janeiro – quando as sedes dos Três Poderes foram depredadas por invasores – aumenta a pressão de congressistas pela instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro. Entre membros da oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o entendimento é que as imagens mostram que o ministro deu orientações aos invasores do Palácio do Planalto. “Alguma dúvida que a CPMI é prioridade?”, questiona o deputado federal André Fernandes (PL-CE) nas redes sociais. “O GSI do Lula não apenas facilitou a entrada dos invasores no dia 8 de janeiro, como também os invasores receberam orientações”, escreveu o parlamentar, no Twitter.

Também na rede social, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) compartilhou trechos de uma reportagem que traz as imagens com avisos de “urgente” e “bomba”. Ela comenta que o ministro do GSI, “conhecido como general de Lula”, “aparece nas câmeras do Planalto liberando acesso” em 8 de janeiro. “Agora entendemos tamanho medo da CPMI! O que mais vamos descobrir, Lula? CPMI já”, defende a parlamentar. Em publicação semelhante, o deputado federal Kim Kataguiri (União-SP) fala em “escândalo” e diz que o Gonçalves Dias “estava lá”. “As portas recuaram, as portas foram abertas. Os invasores foram cumprimentados e receberam água. É mais que omissão, é cumplicidade”, diz o congressistas, que cita, por sua vez, a proposta de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do 8 de janeiro. “Precisa ser instalada. O governo Lula começa a cair hoje”, completa.

O ex-secretário Mário Frias também cita o caso e diz que Gonçalves Dias recepcionou os invasores. “É por isso que Lula colocou sigilo nas imagens? É por isso que não querem a instalação da CPMI?”, pontua. Já o deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ), líder da oposição na Câmara, disse que “o GSI de Lula facilitou a entrada de manifestantes nos órgãos dos 3 poderes no dia 8 de janeiro”, comentou. Assim como ele, outros membros da oposição e aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) também usam as redes sociais para pedir a instalação da CPMI do 8 de janeiro – que enfrenta resistências da base de Lula e sofre tentativas de esvaziamento. Inicialmente, a previsão é que a leitura do requerimento do colegiado acontecesse em sessão conjunta do Congresso Nacional nesta terça-feira, 18. No entanto, como a Jovem Pan mostrou, o encontro parlamentar foi adiado. Lideranças do governo esperam, nos próximos dias, conseguir esvaziar as assinaturas para a CPMI e arquivar o pedido.

Entenda o caso

Imagens vazadas do circuito interno do Planalto em 8 de janeiro mostram o general Gonçalves Dias caminhando no terceiro andar do palácio, na antessala do gabinete do presidente da República. Nas gravações, é possível ver que o ministro tenta abrir duas portas e depois entra no gabinete. Minutos depois, o general caminha pelo mesmo corredor que invasores e, aparentemente, indica a saída de emergência aos manifestantes. Outros integrantes do GSI também aparecem nas imagens, indicando o mesmo caminho para os invasores.

Gonçalves Dias foi confirmado por Lula para o cargo de ministro-chefe do GSI em 29 de dezembro de 2022. Na ocasião, o mandatário disse que o general havia sido seu chefe de segurança por oito anos. “A primeira pessoa que queria chamar é o (general) Gonçalves Dias, que foi chefe da minha segurança por 8 anos e será agora ministro do GSI”, afirmou Lula. Nesta quarta, o ministro é aguardado na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados. A expectativa é que a sessão aconteça às 14 horas e o general preste esclarecimentos sobre os alertas de inteligências sobre os atos de 8 de janeiro e, agora, fale sobre as gravações.

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