PF prende ex-PM que ameaçou matar Moraes e sua família

Detenção foi solicitada pela subprocuradora-geral da República, Lindôra Araújo, para quem as ‘abomináveis mensagens’ ultrapassaram ‘todo e qualquer limite’

  • Por Jovem Pan
  • 06/09/2021 18h45 - Atualizado em 06/09/2021 18h57
Danilo Yoshioka/Estadão Conteúdo - 29/03/2022 ministro alexandre de moraes Prisão ocorreu no âmbito do inquérito que apura a realização dos atos bolsonaristas de 7 de setembro

A Polícia Federal (PF) prendeu preventivamente, nesta segunda-feira, 6, o ex-policial militar Cássio Rodrigues Costa Souza, que ameaçou matar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e sua família. No pedido de prisão, a subprocuradora-geral da República, Lindôra Araújo, escreveu que “as abomináveis mensagens” do ex-policial ultrapassam “todo e qualquer limite”. A detenção foi autorizada por Moraes e ocorreu no âmbito do inquérito que apura a realização e o financiamento dos atos bolsonaristas convocados para esta terça-feira, 7. “As abomináveis mensagens permitem concluir no sentido da conexão dos fatos noticiados com o Inquérito de que se cuida, especialmente diante da expressa menção, em uma das publicações, ao investigado conhecido por ‘Zé Trovão’, que teve a prisão preventiva decretada nos autos”, diz um trecho da manifestação da PGR.

“Morra careca filho da p***, terça-feira vamos te matar e toda a sua família seu vagabundo, advogadinho de merda do PCC, sou militar e nós militares te eliminaremos”, diz uma mensagem publicada por Costa Souza em seu perfil no Twitter (a reportagem omitiu a palavra de baixo calão, mas reproduziu a publicação original). Na decisão que autorizou a prisão do policial, o ministro Alexandre de Moraes afirmou que “a conduta do requerido revela-se ilícita e gravíssima, constituindo ameaça ilegal à segurança dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, revestindo-se de claro intuito de, por meio de violência e grave ameaça – inclusive com ameaças de morte –, coagir e impedir o exercício da judicatura, atentando contra a independência do Poder Judiciário, com flagrante afronta à manutenção do Estado Democrático de Direito, em patente descompasso com o postulado da liberdade de expressão, dado que o investigado expressamente, declara o intuito de, mediante violência e grave ameaça, forçar a destituição dos Ministros do Supremo Tribunal Federal”. Além disso, Moraes expediu ofício pedindo que o Facebook, o Instagram, o Twitter e o Youtube bloqueiem os perfis do ex-policial.

Aprosoja e ‘Professor Marcinho’

Moraes também determinou o bloqueio das contas bancárias da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) e da Associação Brasileira de Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) até a quarta-feira, 8, a fim de evitar o apoio financeiro aos atos do dia 7 de setembro. A decisão foi proferida no sábado, 4, e cumprida nesta segunda-feira, 6. O magistrado também determinou que fossem cumpridos mandados de busca e apreensão na sede da entidade e que sejam identificados e informados os valores acima de R$ 10 mil transferidos a partir das contas bancárias da Aprosoja para outras entidades ou terceiros, em quaisquer modalidades, desde o dia 10 de julho.

O ministro do STF também atendeu a um pedido da PGR e autorizou a prisão preventiva do bolsonarista Márcio Giovani Nigue, conhecido como “professor Marcinho”. Ele apareceu em uma live na rede social Tik Tok afirmando que um empresário estaria oferecendo dinheiro “pela cabeça” do magistrado do STF. “Tem um empresário grande que está oferecendo, tem até uma grana federal que vai sair o valor pela cabeça do Alexandre de Moraes, vivo ou morto, pra quem trazer ele. Agora no Brasil, os ministros do STF vai ser assim, vai ter prêmio pela cabeça deles”, diz Nigue.

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