Quem é o novo ministro da Justiça, que já esteve no centro da briga entre Moro e Bolsonaro

Pivô do conflito, Anderson Torres possui longa relação de afinidade com a família Bolsonaro; ele assumirá a pasta após duas tentativas falhas de adentrar ao governo

  • Por Giullia Chechia e André Siqueira
  • 29/03/2021 20h52 - Atualizado em 29/03/2021 21h09
Imagem: Divulgação/Presidência Novo ministro da Justiça, Anderson Torres, ao lado do presidente Jair Bolsonaro Anderson Torres se aproximou da família Bolsonaro ao ocupar a chefia de gabinete do ex-deputado Felipe Francischini

O delegado da Polícia Federal (PF), Anderson Torres, foi anunciado nesta segunda-feira, 29, como o novo ministro da Justiça e Segurança Pública. Atual secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Torres será o terceiro a chefiar a pasta – antes dele, ocuparam a cadeira André Mendonça e Sergio Moro. Em sua carreira na Polícia Federal, Torres coordenou a atividade de inteligência, investigações contra o crime organizado e comissões sobre temas relacionados à segurança pública na Câmara dos Deputados. Já na vida política, ocupou durante oito anos a chefia de gabinete do ex-deputado federal Fernando Francischini (PSL-PR), quando se aproximou de Bolsonaro. Próximo aos filhos do presidente Jair Bolsonaro, o delegado conseguiu, nesta tarde, emplacar seu nome no ministério na terceira tentativa de adentrar ao governo.

No início de 2020, uma fala do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) abalou as estruturas do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Na ocasião, ele afirmou que o governo estudava desmembrar a pasta sob o comando de Moro, deixando o ex-ministro responsável pelo Ministério da Justiça e elencando outro nome para liderar a Segurança Pública. Para analisar a possibilidade, sem o conhecimento de Moro, o presidente convocou uma reunião com os secretários estaduais da área e Torres, representando o DF, foi um dos principais articuladores da agenda. Cotado à época para assumir a eventual nova pasta, o agora novo ministro tornou-se pivô do conflito entre Moro e Bolsonaro. Após o anúncio da saída do ex-juiz federal do governo, em abril de 2020, novamente seu nome foi aventado para assumir o ministério, mas a possibilidade não foi levada à diante.

Ainda em abril de 2020, após o Supremo Tribunal Federal (STF) invalidar a indicação feita por Bolsonaro de Alexandre Ramagem para a direção da Polícia Federal, o presidente considerou – pela segunda vez, nomear Anderson Torres. No entanto, a indicação foi mal recebida por outros delegados, já que ele é mais jovem do que muitas gerações da corporação. Agora ministro de Estado, Torres será responsável por órgãos de grande importância, como a Polícia Federal, a Força Nacional de Segurança, a Secretaria Nacional do Consumidor, o Departamento Penitenciário Nacional, a Fundação Nacional do Índio, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e o Departamento de Migrações.

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