Quem é o vereador que ‘representa o bolsonarismo’ na Câmara de Belo Horizonte

Nikolas Ferreira, de 24 anos, foi o segundo mais votado na cidade, defende o conservadorismo e já posou com armas nas redes sociais

  • Por Jovem Pan
  • 10/01/2021 09h00
Reprodução/Instagram/Nikolas Ferreira Em seu perfil no Instagram, Nikolas Ferreira exibe proximidade com a família Bolsonaro

Coordenador do movimento “Direita Minas”, formado em direito pela PUC Minas, conservador e representante do bolsonarismo na Câmara Municipal de Belo Horizonte. É assim que Nikolas Ferreira, segundo vereador mais votado da capital mineira, se apresenta a seus seguidores. Com 24 anos de idade e filiado ao PRTB, mesma legenda do vice-presidente da República, Hamilton Mourão, o parlamentar é defensor de pautas alinhadas ao governo do presidente Jair Bolsonaro: é a favor do porte de armas, contra o aborto e um contumaz crítico das políticas de isolamento social como medida para conter a disseminação do novo coronavírus. Em seu perfil no Instagram, Ferreira possui mais de 286 mil seguidores, entre eles o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e o filho mais novo de Bolsonaro, Jair Renan, conhecido como Zero Quatro.

Eleito nas eleições municipais de 2020 com 29.388 votos, Nikolas contou com o apoio de Eduardo Bolsonaro durante a campanha – o deputado federal fez uma live com o candidato a vereador em seu perfil do Instagram. O empenho na militância de direita, no entanto, vem de longa data. Em 2016, Ferreira participou de atos a favor do impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT). Também nas redes sociais, exibe fotos ao lado de Jair Bolsonaro da época em que o atual presidente da República era um dos 513 deputados federais. O vereador já publicou fotos ao lado do ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, e escreveu uma mensagem de aniversário para Olavo de Carvalho, escritor de grande influência no círculo bolsonarista.

No fim de 2020, já eleito, uma publicação de Nikolas Ferreira repercutiu nas redes sociais. Nela, o jovem de 24 anos aparece exibindo um fuzil T4 da Taurus, uma das principais fabricantes de armas no Brasil. Nos comentários, o deputado federal Guilherme Derrite (PP-SP), capitão da Polícia Militar de São Paulo, convida o vereador para “atirar quando você vier a Brasília novamente”. No início de mês de dezembro, porém, antes de tomar posse, um vídeo de Nikolas questionando o uso de máscara e a eficácia do isolamento social viralizou. “Se a máscara funciona, por que o distanciamento? E se o distanciamento funciona, por que a máscara? E se os dois funcionam, por que a quarentena? E se a quarentena funciona, por que estamos caminhando para outra?”, indaga. O bolsonarista também é um crítico ferrenho da gestão do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSDB).

Nikolas participou de uma manifestação contrária à vacinação obrigatória que terminou em frente à sede da Prefeitura de Belo Horizonte. Nos vídeos divulgados nas redes sociais, o vereador diz que a população não será “cobaia de ninguém” e que estará ao lado dos manifestantes para “lutar pela nossa liberdade”. Em entrevista ao programa “Os Pingos nos Is”, da Jovem Pan, Ferreira afirmou que, durante a pandemia, os brasileiros foram “submetidos a medidas irracionais, desequilibradas e contrárias às teses científicas”. “Você entra de máscara no shopping, mas está livre do coronavírus na praça de alimentação?”, ironizou. Na ocasião, também explicou como o conservadorismo influencia sua atuação enquanto militante e parlamentar – ele participou da Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC).

“A CPAC abriu meus olhos para algo que eu já tinha percebido há algum tempo. Vi a organização do conservadorismo nos EUA, grupos como o Turning Point USA, de jovens, que mostra a realidade do que é a esquerda, de como ela trabalha por meio da cultura. Trago tudo isso para o Brasil. Temos um presidente de direita, conservador, mas a cultura está tomada pela esquerda. Professores não mais fazem doutrinação comunista. Só existe manipulação de comportamento. O que temos que trazer para o Brasil é isso: nos organizarmos para mostrar que o que muda uma geração é a cultura. É impossível dizer que a esquerda está morta. Um cristão entra na universidade e, em seis meses, passa a defender o aborto. Você percebe que há uma manipulação. A cultura e a produção literária mudam mentes”, disse.

Dentro do Legislativo, Nikolas promete ser uma “muralha contra esquerdistas”. Em uma de suas manifestações contra vereadores de oposição, fez um ataque transfóbico à vereadora Duda Salabert (PDT), primeira mulher trans eleita em BH, com o recorde histórico de 37.500 votos. “Eu ainda irei chamá-la de ‘ele’. Ele é homem. É isso o que está na certidão dele, independentemente do que ele acha que é. Mas não estou preocupado com a ‘opção sexual’, nem gênero de ninguém, desde que a pessoa não se paute pela ideologia na Câmara”, disse, em entrevista ao jornal “Estado de Minas”. Em 2019, por 8 votos a 3, o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a criminalização da homofobia e transfobia. Os ministros consideraram que atos preconceituosos contra homossexuais e transexuais devem ser enquadrados no crime de racismo. A pena é de um a três anos de prisão, além de multa. Se houver divulgação do ato homofóbico nas redes sociais, o período de reclusão aumenta para dois a cinco anos.

Veja alguns tuítes de Nikolas que fizeram sucesso entre os conservadores:

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