Sob pressão, Aras posta vídeo antigo para defender sistema eleitoral
Gravação mostra trechos de uma entrevista em que o procurador-geral diz que não aceitará ‘alegações de fraudes’ e reforça o ‘sucesso das urnas eletrônicas’
O procurador-geral da República, Augusto Aras, divulgou um vídeo nesta quinta-feira, 21, onde afirma que não aceitará “alegações de fraudes” nas eleições 2022. A divulgação, feita em canal do magistrado no Youtube, acontece três dias após a reunião do presidente Jair Bolsonaro com embaixadores estrangeiros, onde o chefe do Executivo voltou a mencionar risco de fraude nas eleições e desconfiança com o processo eleitoral. No início do vídeo, uma mensagem esclarece que “diante dos últimos acontecimentos do país”, a Procuradoria-Geral da República considera oportuno apresentar um resumo da conversa que Aras teve com representes da imprensa estrangeira, onde aborda temas como confiança nas urnas eletrônicas, polarização, discursos de ódio e até o risco de um “6 de janeiro”, marcado pela invasão do Capitólio nos Estados Unidos, acontecer no Brasil.
“Quem for eleitor será empossado”, diz uma das primeiras mensagens apresentadas, seguida por um trecho de explicação do procurador-geral. “Não acreditamos no 6 de janeiro, não acreditamos e tenho defendido que quem ganhar a eleição vai levar, vai tomar posse sem maior turbulência”, menciona Augusto Aras no vídeo, onde aparece rodeado de pessoas em uma sala de reuniões. Na sequência, outra mensagem é exaltada: confiança nas urnas eletrônicas e no sistema eleitoral. “Não aceitamos alegação de fraudes, porque temos visto sucesso da urna eletrônica ao longo dos anos, especialmente o que toca a lisura dos pleitos”, afirma em seguida o procurador.
Os trechos da gravação são de 11 de julho, quando Aras se reuniu com veículos internacionais para falar sobre o contexto político brasileiro. Apesar da gravação ser antiga, a divulgação pela Procuradoria-Geral da República acontece em um momento de tensão pelo silêncio do procurador frente a recentes declarações do presidente da República. Na terça-feira, 19, um grupo de mais de 40 procuradores do Ministério Público Federal (MPF) encaminhou um ofício pedindo a abertura de uma investigação dos ataques feitos pelo chefe do Executivo em reunião com embaixadores na segunda-feira, 18. O documento encaminhado a Augusto Aras, e assinado por representantes de todos os Estados, cita 19 declarações feitas durante o encontro e rebatidas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e acusa Bolsonaro de proferir “inverdades contra a estrutura do Poder Judiciário Eleitoral e a democracia brasileira, em clara campanha de desinformação”.
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