‘Vai ter eleição, não somos república de bananas’, diz Mourão sobre suposta ameaça de Braga Netto; veja repercussão

Segundo reportagem do jornal ‘O Estado de S. Paulo’, interlocutor do ministro da Defesa avisou o presidente da Câmara, Arthur Lira, de que não haveria o pleito no ano que vem se o voto impresso não fosse aprovado

  • Por Jovem Pan
  • 22/07/2021 16h41
Francisco Stuckert/Estadão Conteúdo Vice-presidente com bandeira do Brasil ao fundo 'Quem é que vai proibir eleição no Brasil? Por favor, gente, isso aí. Nós não somos república de banana', disse o vice-presidente

O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou, nesta quinta-feira, 22, que “é lógico” que haverá eleições no Brasil em 2022, mesmo se o Congresso não aprovar a PEC do voto impresso, uma das bandeiras do presidente Jair Bolsonaro. “É lógico que vai ter eleição. Quem é que vai proibir eleição no Brasil? Por favor, gente, isso aí. Nós não somos república de banana”, disse a jornalistas ao chegar no Palácio do Planalto. Mourão comentou reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, que relatou uma ameaça do ministro da Defesa, Walter Braga Netto, ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). De acordo com o periódico, um interlocutor do general enviou o recado de que não haveria eleições em outubro do ano que vem se o voto impresso não fosse aprovado. Em nota, Braga Netto pontuou que “as Forças Armadas atuam sempre e sempre atuarão dentro dos limites previstos na Constituição”.

Em seu perfil no Twitter, Lira disse que “a despeito do que sai ou não na imprensa, o fato é: o brasileiro quer vacina, quer trabalho e vai julgar seus representantes em outubro do ano que vem através do voto popular, secreto e soberano”. Presidente do Senado e do Congresso Nacional, o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) declarou que “seja qual for o modelo, a realização de eleições periódicas, inclusive em 2022, não está em discussão. Isso é inegociável. Elas irão acontecer, pois são a expressão mais pura da soberania do povo. Sem elas não há democracia e o país não admite retrocessos”. A reportagem do “Estadão” gerou repercussão entre parlamentares, governadores e integrantes do Judiciário brasileiro. Presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Luis Roberto Barroso afirmou que “temos uma Constituição em vigor, instituições funcionando, imprensa livre e sociedade consciente e mobilizada em favor da democracia”. O ministro Gilmar Mendes destacou que “os representantes das Forças Armadas devem respeitar os meios institucionais do debate sobre a urna eletrônica. Política é feita com argumentos, contraposição de ideias e, sobretudo, respeito à Constituição. Na nossa democracia, não há espaço para coações autoritárias armadas”.

A senadora Simone Tebet (MDB-MS), líder da bancada feminina no Senado, escreveu, em suas redes sociais que “as constantes ameaças às instituições, às eleições e à democracia, precisam de reação imediata, clara e direta”. “Basta de relativizar o absolutamente intolerável”, acrescentou. Os deputados federais Fábio Trad (PSD-MS), Ivan Valente (PSOL-SP) e Fernanda Melchionna (PSOL-RS) protocolaram requerimento de convocação de Braga Netto à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados e à comissão especial que analisa o voto impresso. “Exigimos explicações sobre os fatos. Ministro da Defesa tem que defender a democracia; jamais ameaçá-la”, disse Trad, em um tuíte. “Defendo o imediato chamamento do ministro à Câmara dos Deputados para se explicar sobre os fatos. Nossa Democracia não pode viver sob chantagem. A Constituição do Brasil resistirá”, afirmou em outra publicação. O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), um dos presidenciáveis, também se manifestou: “Não serão ameaças golpistas e autoritárias que vencerão a democracia brasileira. Nossas instituições são sólidas. Teremos eleições em 2022”.

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