Prefeitura de SP tira camelôs e artistas de rua da Avenida Paulista
Tomada por camelôs nas calçadas em toda a sua extensão, a Avenida Paulista, na região central, foi alvo de operação da Guarda Civil Metropolitana (GCM), na quinta-feira, 16, contra o comércio ambulante. A Prefeitura de São Paulo informou que recolheu itens com indício de pirataria – cerca de 700 CDs e roupas. Artistas de rua e hippies afirmaram, porém, que tiveram produtos apreendidos. Uma base comunitária móvel ficará estacionada na via, perto da esquina com a Rua Augusta, por tempo indeterminado.
Vendedores ambulantes relataram que tabuleiros nas dimensões normatizadas pela Prefeitura também foram levados. Eles estariam fora da demarcação numérica inscrita nas calçadas. A administração municipal permite que a Avenida Paulista seja ocupada por, no máximo, 50 artistas de rua, entre músicos, performers e artesãos.
A reportagem contou o número de ambulantes, entre camelôs e artesãos, em dezembro do ano passado, e revelou que a via tinha quatro vezes mais vendedores do que o permitido: foram até 235 artesãos da Praça Osvaldo Cruz à do Ciclista. A demarcação foi anunciada pela Prefeitura à época para impedir a expansão do comércio irregular.
Os números estão pintados de amarelo desde fevereiro, de acordo com os comerciantes – informação não confirmada pela gestão Fernando Haddad (PT). Eles são ocupados por ordem de chegada.
“A prioridade é a pirataria. Não houve nenhuma apreensão de material relacionado a artesanato. O foco da operação é inibir, é coibir a venda de objetos piratas”, disse o secretário municipal da Segurança Urbana, Benedito Mariano. Segundo ele, novas operação poderão ser feitas pela GCM.
Artistas de rua
Desde 2014, com a Lei dos Artistas de Rua, de autoria da gestão petista, os artesãos formam categoria regulamentada pela Superintendência do Trabalho Artesanal nas Comunidades (Sutaco). Para liberar a atividade, a GCM exige a apresentação de registro.
Mariano garantiu que vendedores ambulantes com mesa, mas fora da numeração, não foram afetados pela ação de ontem. De acordo com ele, sua secretaria e a Coordenação das Subprefeituras negociam agora como fiscalizar artistas de rua.
“Vamos dialogar com a subprefeitura, que é responsável pela organização do espaço, para ver como vamos organizar aqueles que estão acima do que foi estabelecido. Vamos conversar sobre essa questão. Por enquanto, os artistas de rua não são objeto da operação que realizamos”, afirmou.
A reportagem presenciou um guarda-civil pedindo para que somente cinco hippies ficassem na frente de um shopping, quase na esquina com a Augusta – eram pelo menos 15. Sintique de Aguiar, de 27 anos, que prefere ser chamada de “maluca de estrada”, escondeu seus produtos para evitar apreensão. “Sustento dois filhos. Se eu perder meu trabalho, quem garante que eles estarão bem?”
O artista de rua Antônio José da Silva, de 51 anos, conhecido como Piauí, resistiu e teve produtos recolhidos. “Levaram minhas coisas. Só eu perdi porque não tiro. Eu resisto”, disse. Ele não estava posicionado em uma demarcação e vendia os produtos no chão.
A artesã Agnes Roberta dos Santos, de 38 anos, que tem carteira de registro da Sutaco, ocupava o número 25 ontem na Paulista. Mesmo chegando cedo para pegar lugar, ela apoia os que não usam mesas, como os hippies, e ainda os que não ocupam a marcação limitada pela Prefeitura. “Artesão é diferente de camelô. As pessoas só estão querendo expor o seu trabalho”, disse a vendedora.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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