Reduzir açúcar não é antídoto contra obesidade, diz especialista colombiano

  • Por Agencia EFE
  • 06/03/2015 19h30
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Bogotá, 6 mar (EFE).- O consumo de açúcar exagerado de açúcar pode não ser um aliado à boa saúde, como diz a Organização Mundial da Saúde (OMS), mas a redução recomenda pela entidade também pode ter pouca incidência no combate à grave epidemia de obesidade que atinge o mundo moderno, pelo menos essa é a opinião do médico colombiano com doutorado em medicina do esporte John Duperly.

“O culpado da obesidade é o sedentarismo, fruto da industrialização, não o açúcar”, sintetiza em entrevista à Agência Efe.

Sua posição aparece na mesma semana em que a OMS recomendou que a ingestão de açúcar fosse menor do que 10% do total de calorias consumidas por dia e sugeriu uma diminuição a menos de 5% para os que desejem benefícios adicionais à saúde. As diretrizes da entidade da ONU pretendem orientar os governos sobre como controlar problemas de saúde pública, no caso do açúcar, à obesidade e o aparecimento de cáries.

Duperly, em contrapartida, é descrente sobre os possíveis resultados positivos desta decisão da OMS no que diz respeito aos problemas de sobrepeso e obesidade, aumentando a incidência de doenças como o diabetes e a hipertensão.

Na América Latina, segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), 23% dos adultos são obesos e 38% têm sobrepeso. Nos Estados Unidos, de acordo com os Centros para o Controle e a Prevenção de Doenças, quase dois terços da população têm sobrepeso e mais de 30% é obesa.

Ao anunciar na quarta-feira a nova recomendação, Francesco Branca, diretor do departamento de Nutrição e Saúde da OMS, disse que 10% de todas as mortes no mundo estão relacionadas a uma dieta não equilibrada.

“Não sabemos exatamente qual é a incidência direta dos açúcares, mas sabemos que é muito grande”, declarou Francesco Branca.

Para Duperly, a recomendação da OMS encerra apenas “verdades parciais” e está baseada em evidências científicas sobre a relação do consumo de açúcar com a obesidade que em sua maioria são de “níveis intermédio ou baixo”.

“É um enorme erro pensar que é possível resolver o problema da obesidade apontando apenas para 10% da ingestão diária de calorias de uma pessoa, que em média é de 2 mil”, argumenta.

O médico lembra que na Austrália há campanhas voltadas para a redução do consumo de açúcar há anos, mas o país continua registrando casos de obesidade. Nos Estados Unidos o consumo de calorias não aumentou nas últimas décadas, contudo o número de pessoas obesas não para de subir.

“No caso da obesidade, a causa não está fundamentada na comida, mas sim no sedentarismo”, ressalta ele, que há 25 anos trata pessoas obesas e atletas.

A chave para derrotar a obesidade não é diminuir a ingestão de açúcar ou de qualquer outra fonte de caloria, mas aumentar a quantidade de exercícios diários para queimar gorduras e não acumular excedentes calóricos, que são muito difíceis de eliminar.

“Um quilo de peso corporal hospedado, por exemplo, na barriga (os pneuzinhos) tem 7 mil calorias guardadas”, informa.

O ideal é fazer uma hora ou mais de exercício por dia e, no caso de uma pessoa de peso normal, consumir 1.500 calorias diárias e gastar todas em atividades físicas.

De acordo com ele, culpar o açúcar pelo excesso de peso é o mesmo que culpar a “Microsoft ou a Ford por permitir que as pessoas se movimentem cada vez menos”.

O Conselho Internacional de Associações de Bebidas (ICBA), que reúne às grandes marcas de refrigerantes entre outras empresas, rejeitou a recomendação da OMS por considerar que “não reflete um consenso científico sobre a totalidade da evidência”.

Já a Action on Sugar, uma ONG apoiada por acadêmicos de universidades britânicas, considerou que “não há necessidade nutricional de incluir açúcares livres na dieta” e, se mostrou decepcionada com a OMS por não ter elevado à categoria de “recomendação firme” a redução da ingestão de açúcar a 5% do total de calorias, já que o produto “prejudica a saúde”. EFE

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