Relatório revela abusos trabalhistas na indústria de brinquedos na China
Pequim, 18 nov (EFE).- Horas extras não compensadas, inexistência de contratos ou de medidas de segurança e salários não pagos são algumas das violações dos direitos dos trabalhadores que se repetem em fábricas de brinquedos no sul da China que fornecem para multinacionais.
Estes foram as principais denúncias apontadas no relatório publicado nesta terça-feira pela organização China Labour Watch (CLW), baseado em investigações realizadas entre junho e novembro deste ano em quatro fábricas da província chinesa de Cantão, que abastecem empresas internacionais como Mattel, Fisher-Price, Disney, Hasbro e Crayola.
O documento, de 66 páginas, revelou repetidas violações trabalhistas nestes locais em que, durante os meses da investigação, produziram brinquedos como Barbie, Mickey Mouse, Transformers Optimus Prime e Thomas, vendidos no mundo todo.
A CLW expôs até 20 violações legais e éticas que incluem discriminação no processo de contratação, falta de exames médicos, apesar das perigosas condições de trabalho; falta de medidas de segurança contra incêndios; inexistência de contrato de trabalho ou registros incompletos e acúmulo de até 120 horas extras mensais, entre outros.
Também denunciaram a falta de espaços para queixas dos trabalhadores, como uma organização sindical forte e independente, o que inexiste na China.
Em 2007, a CLW realizou outra investigação profunda em fábricas de brinquedos de grandes multinacionais e foram apontados os mesmos abusos registrados no relatório deste ano, o que fez a organização considerar que nos últimos sete anos as condições não só não melhoraram, como perduraram e “foram transmitidas para outras indústrias”.
“Os líderes da indústria têm que dar passos genuínos para melhorar as condições trabalhistas em suas fábricas”, cobrou a organização, que pediu ainda que as condições trabalhistas nas fábricas sejam mais transparentes.
A CLW também cobrou das empresas internacionais apoio para a criação de um sindicato eficaz e independente na China para defender os trabalhadores, e que ajudem na criação de uma linha direta de denúncias. EFE
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