Sem água, estado de São Paulo pede socorro

  • Por Agencia EFE
  • 23/10/2014 06h18

Alba Santandreu.

Itu (Brasil), 23 out (EFE).- Há 20 dias não chega água na casa de Fabiana. Ela, seus vizinhos e outras 70 pessoas fazem fila em uma fonte pública para tentar encher alguns galões. O estado de São Paulo atravessa uma seca histórica, e os moradores de Itu pedem socorro.

“Tenho cinco filhos e não posso limpar minha casa. Uso pratos e copos descartáveis. Minhas filhas tomam banho no colégio. A situação é muito triste”, contou à Agência Efe Fabiana Silveira.

Na entrada das casas de outros moradores, cartazes foram afixados. Vários deles trazem a seguinte mensagem: “Socorro, Itu pede água”.

Situada a cerca de 100 quilômetros da capital paulista, a vida na periferia da cidade foi reorganizada em torno da chegada esporádica do caminhão pipa. A cada passagem, moradores correm para encher vários recipientes, de todos os tamanhos, para poder ter um pouco de água e realizar as tarefas cotidianas do lar.

Em bairros onde o caminhão não passou nesta quarta-feira, os ituanos se amontoam em filas ao longo do dia para encher garrafas e galões, a fim de enfrentar uma seca que há vários meses atinge a região Sudeste, especialmente em São Paulo.

Depois de caminhar por mais de 45 minutos, Henrique Moretto chega ao local com sua mulher. Trazem com eles cerca de 20 garrafas de água vazias e um carrinho de mão enferrujado para ajudar a transportar a carga. Com 60 anos, ele se diz cansado e indignado com a situação e, como outros vizinhos, acredita que ela poderia ter sido evitada.

“Esse problema reflete uma falta de investimento. Por um longo tempo há essa falta de planejamento, mas a seca só nos tem tirado a energia”, diz Mariece Silvena.

A empresa responsável pelo abastecimento no município, a Águas de Itu, informou que está fazendo o possível para atenuar o problema, agravado pela ausência de chuvas.

Apesar de a cidade no interior ser uma das mais afetadas pela seca, alguns bairros da capital paulista também estão sofrendo com a crise, admitida pelo próprio governador Geraldo Alckimin, reeleito em primeiro turno depois das eleições do último dia 5 de outubro.

Em São Paulo, estado que concentra perto de 36% da produção industrial brasileira, as reservas estão nos níveis mínimos históricos. O volume da represa de Cantareira, a principal reserva de água da região metropolitana e que abastece 6,5 milhões de habitantes, chegou hoje a 3,2% de sua capacidade.

Segundo uma pesquisa realizada pelo Datafolha, 60% dos moradores da capital relataram terem sido afetados pela falta do fornecimento de água no último mês. Outros 75% dos entrevistados consideraram que o problema poderia ter sido evitado.

Nas últimas semanas, a crise hídrica de São Paulo entrou na pauta da campanha eleitoral. A presidente Dilma Rousseff, que tenta a reeleição, usa o assunto para criticar Aécio Neves, candidato do PSDB, mesmo partido do governador paulista, Geraldo Alckmin.

“É preocupante e também muito triste saber que os brasileiros que vivem em São Paulo, o estado mais rico do país, estão passando por uma crise de água sem precedentes. Estamos falando de um problema alertado há dez anos”, afirmou recentemente em entrevista a candidata do PT. EFE

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