Microplásticos: a ameaça invisível que está em nosso dia a dia

Descubra como esses fragmentos estão contaminando alimentos, água e ar; e quais medidas simples podem reduzir a exposição e proteger a saúde

  • Por Patrícia Costa
  • 28/08/2024 07h30
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Pixabay plastico oceano Alguns plásticos demoram até 400 anos para se decompor. Nesse processo, partículas podem contaminar o solo, a água e o ar

Os microplásticos, partículas minúsculas que invadiram nossos alimentos, água e até o ar que respiramos, estão se tornando uma ameaça silenciosa à saúde humana. Originados da degradação de produtos plásticos maiores e presentes em uma vasta gama de itens cotidianos, esses fragmentos invisíveis têm potencial para causar uma série de problemas de saúde. Estudos recentes apontam para a necessidade urgente de conscientização e ação para reduzir a exposição a esses poluentes. Esses fragmentos podem ser encontrados em diversos produtos que usamos diariamente. Roupas sintéticas, como poliéster e náilon, a cada lavagem, liberam fibras plásticas que acabam nos oceanos e, eventualmente, nos nossos pratos. Cosméticos, como esfoliantes e pastas de dente, também são fontes de microplásticos. Além disso, o uso de utensílios plásticos, especialmente em contato com alimentos, é uma das principais vias de contaminação, como potes, garrafas e tábuas de corte plásticas transferem partículas para alimentos e bebidas. Um estudo da American Chemical Society (ACS) revelou que uma única tábua de corte pode expor os seres humanos a até 79,4 milhões de microplásticos por ano. Portanto, substituir esses utensílios por opções em vidro, silicone ou aço inoxidável é uma das primeiras medidas recomendadas para reduzir essa exposição.

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A questão dos alimentos embalados em plástico e das latas revestidas com BPA (Bisfenol A) é especialmente preocupante. Um estudo de 2023 da Universidade de Nebraska-Lincoln identificou até 4 milhões de microplásticos por centímetro quadrado em certos alimentos para bebês aquecidos no micro-ondas em recipientes plásticos. Além disso, a água que consumimos, seja engarrafada ou da torneira, também pode conter microplásticos. Filtrar a água antes de beber ou cozinhar é essencial para minimizar essa ingestão. Pesquisas indicam que um filtro de alta qualidade pode remover partículas significativas desses poluentes. Estudos sugerem que essas partículas podem causar uma série de problemas, entre eles doenças respiratórias, como asma e bronquite,  inflamação crônica e estresse oxidativo, aumentando o risco de doenças como câncer e problemas cardiovasculares, inflamação do sistema digestivo, além de intoxicação, como o BPA, que pode levar a distúrbios hormonais e até mesmo a certos tipos de câncer. Pesquisas iniciais indicam que microplásticos podem atravessar a barreira hematoencefálica e contribuir para o surgimento de doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson.

Medidas simples podem reduzir a exposição

Adotar hábitos simples no dia a dia pode fazer uma grande diferença. Além de evitar utensílios plásticos, é recomendável optar por alimentos frescos e integrais, preferindo sempre que possível os que não são embalados em plástico. Produtos como mariscos e mexilhões, que tendem a acumular microplásticos, também devem ser consumidos com moderação. Roupas de fibras naturais, como algodão e linho, liberam menos microplásticos durante as lavagens em comparação com tecidos sintéticos. Outro ponto importante é a escolha de produtos de higiene e cosméticos. Verifique os rótulos e evite aqueles que contenham microplásticos adicionados, como politetrafluoretileno (PTFE) ou polietileno (PE). A crescente presença de microplásticos em nossas vidas representa um desafio significativo para a saúde pública. Embora ainda haja muito a ser aprendido sobre os efeitos a longo prazo, as evidências atuais já justificam medidas preventivas para reduzir a exposição. Adotar um estilo de vida mais consciente pode não só proteger nossa saúde, mas também contribuir para a preservação do meio ambiente.

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