Tsipras opta por remodelação de governo limitada para ganhar estabilidade

  • Por Agencia EFE
  • 18/07/2015 08h46

Remei Calabuig.

Atenas, 18 jul (EFE).- O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, optou por uma remodelação de governo limitada, que se consagrou com o juramento dos novos ministros e a exclusão os membros dissidentes em relação ao acordo, para assim ganhar estabilidade interna.

As mudanças focaram na substituição do ministro da Energia, Panayotis Lafazanis, e dos quatro ministros substitutos que votaram contra o pacote de medidas pactuadas com os credores na votação do parlamento na quarta-feira passada.

Com isso, Lafazanis é substituído por Panos Skurletis, um dos colaboradores mais próximos de Tsipras, que deixa o Ministério do Trabalho nas mãos de Yorgos Katrugalos, que até agora comandava um vice-ministério.

A destituição de Lafazanis era uma das mudanças já esperadas, pois seu nome representa a Plataforma de Esquerda, a corrente mais radical dentro do Syriza, oposta à aplicação de políticas de austeridade.

Em entrevista publicada neste sábado pelo jornal “Agora”, Lafazanis afirmou que “a esquerda” perdeu “sua credibilidade e se arrisca a perder sua própria alma”.

O ex-ministro declarou que o Syriza não deve aceitar e aprovar o novo programa de resgate, e que se persistir neste objetivo, cogitará se unir a outro partido, embora, por enquanto, continuará lutando nas filas de seu partido para defender “os grandes princípios e valores e a orientação anti-memorando (programa de resgate)”.

Por outro lado, a remodelação inclui um novo ministro adjunto pertencente ao parceiro de coalizão, o nacionalista Gregos Independentes. Trata-se de Pavlos Jaikalis, um ator comediante sem experiência política que será o novo ministro adjunto de Seguridade Social.

O gesto foi interpretado como recompensa à fidelidade do Gregos Independentes, que apesar de ter expressado suas reservas sobre a idoneidade das reformas votou em bloco a favor do princípio de acordo.

Este novo posto se junta aos seis da formação, todos vice-ministérios menos o Ministério da Defesa em mãos de seu líder, Panos Kamenos.

Com essa reforma, Tsipras pretende formar um governo mais coeso para conseguir realizar as negociações sobre um terceiro resgate com os credores, acordo que o primeiro-ministro classificou como prioridade imediata.

Tsipras garantiu que seguirá governando em minoria até fechar o acordo definitivo para um terceiro programa, mas após consegui-lo pode ser que seja a vez de novas eleições, como apontou o ministro do Interior, Nikos Vutsis, que inclusive cogitou setembro ou outubro como possíveis datas.

O cargo de porta-voz do governo também foi renovado e agora está nas mãos de uma mulher, Olga Yerovasili, que ao ser perguntada em sua chegada ao palácio presidencial se o governo é temporário, respondeu que não isso não pode ser “previsto hoje”, pois o “tempo político é complicado” e tudo dependerá da “evolução” dos acontecimentos.

“Somos plenamente conscientes do que ocorre. Temos plena consciência do mal acordo e de suas difíceis medidas”, disse Yerovasili, que destacou que o Executivo “aposta em medidas compensatórias” que apoiem “as meias e baixas camadas sociais e econômicas”.

Antes da votação, a maioria dos ministros e ministros adjuntos concordou que o país enfrenta tempos “difíceis” e mostrou sua intenção de colaborar nos esforços do Executivo esquerdista.

O parlamento se reunirá novamente na próxima quarta-feira para votar o segundo pacote de medidas que inclui a Lei de Processo Civil e a transposição da direção sobre reestruturação e resolução bancária, também por causa do acordo selado em Bruxelas no início da semana. EFE

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