Ucrânia comemora vitórias em nova ofensiva contra separatistas
Boris Klimenko.
Kiev, 2 jul (EFE).- As autoridades da Ucrânia comemoraram nesta quarta-feira pelos sucessos na nova ofensiva contra os separatistas pró-Rússia que atuam no leste do país, lançada há pouco mais de 24 horas depois que o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, deu por encerrado o cessar-fogo unilateral.
“A operação antiterrorista se desenvolve segundo o plano aprovado pelo presidente. Ontem, no primeiro dia depois da trégua, cumprimos todos os alvos militares que nos tínhamos marcado”, disse hoje o ministro da Defesa ucraniano, Mikhail Koval.
As forças governamentais atacaram 120 alvos controlados pelos sublevados, recuperaram três localidades próximas à cidade de Slaviansk, bastião dos pró-Rússia, e tomaram dos rebeldes um dos postos de controle na fronteira com a Rússia.
“As Forças Armadas e a Guarda Nacional continuam sua ativa ofensiva contra os terroristas e criminosos. E as ações de nossos militares são suficientemente eficazes e dão frutos”, disse hoje o presidente da Rada Suprema (parlamento) da Ucrânia, Alexander Turchinov.
As tropas ucranianas aproximaram um pouco mais a derrota dos rebeldes entrincheirados desde o início da sublevação em Slaviansk, uma cidade na qual permanecem ao redor de 45 mil de seus 120 mil habitantes e que se transformou em alvo prioritário da ofensiva reiniciada por Kiev.
“O inimigo isolou Slaviansk da cidade de Nikoláyevka, pela que passava a última rota de abastecimento que unia a cidade com o mundo exterior”, reconheceu Igor Strelkov, chefe dos milicianos pró-Rússia que combatem as forças ucranianas na zona.
Strelkov, cidadão russo que Kiev vincula com a inteligência militar da Rússia, advertiu há tempos que a cidade não poderia resistir por muito tempo às investidas do exército ucraniano.
Slaviansk, que já havia ficado sem água e praticamente sem eletricidade, perdeu ontem sua última subestação elétrica para ficar totalmente às escuras.
Apesar das bem-sucedidas operações militares, pelo menos cinco soldados ucranianos morreram e várias dezenas ficaram feridas nas últimas 24 horas, em mais de 20 ataques dos milicianos prór-Rússia às posições do exército e da Guarda Nacional.
Em outro incidente aparentemente sem relação com as operações militares, as Forças Aéreas ucranianas perderam hoje um caça-bombardeiro SEU-25 que caiu quando tentava aterrissar em sua base na cidade de Dnepropetrovsk, capital da homônima região vizinha da rebelde Donetsk.
Outro avião militar ucraniano, um bombardeiro SU-24, foi alcançado por um míssil terra-ar lançado pelos separatistas, mas conseguiu aterrissar em sua base.
Na outra face da moeda da ofensiva também estão os militares ucranianos entrincheirados e rodeados pelos sublevados no aeroporto de Lugansk, “praticamente isolado do mundo exterior” e do resto das forças ucranianas, lamentou um alto cargo do Ministério do Interior.
Enquanto o ministro da Defesa da Ucrânia informou hoje sobre 200 mortos entre os soldados e policiais ucranianos desde o início da operação antiterrorista em meados de mês passado de abril, ninguém conhece até o momento o número exato de vítimas mortais entre os milicianos e a população civil.
As autoridades de saúde da região de Donetsk, que registram somente os corpos que receberam autópsia na região, contaram “um total de 279 pessoas mortas”, segundo a chefe do departamento de Saúde do governo regional, Elena Petriáyeva.
“Foram registrados como não identificadas 93 pessoas, que não usavam nenhum tipo de distintivos. Como militares (uniformizados), se registraram 26. Os 160 falecidos restantes, são supostamente moradores” da região, explicou Petriáyeva.
Vários civis, dez segundo os rebeldes, morreram hoje por fogo de artilharia na cidade de Lugánskaya, muito próxima à cidade de Lugansk, em um ataque de cuja autoria se culparam mutuamente o exército e os separatistas.
“Os terroristas (como Kiev chama os sublevados) dispararam traiçoeiramente contra edifícios residenciais de Lugánskaya. Há vítimas entre a população civil. Por se fora pouco, culparam do ataque à aviação das Forças Armadas da Ucrânia”, assinala um comunicado das autoridades ucranianas. EFE
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