Último debate deixa aberta disputa entre Dilma, Marina e Aécio
Rio de Janeiro, 2 out (EFE).- O último debate televisivo entre sete dos onze candidatos que disputarão no próximo domingo a presidência do Brasil deixou aberta a disputa entre Dilma Rousseff e os opositores Marina Silva e Aécio Neves, os três candidatos favoritos nas pesquisas.
Apesar do tom elevado usado em vários momentos do debate e dos confrontos cara a cara, propiciados pelo formato proposto pela “Rede Globo”, nenhum dos três favoritos conseguiu se impor sobre seus rivais, cenário que mantém a expectativa para o resultado das eleições de 5 de outubro.
As duas pesquisas divulgadas nesta quinta-feira pelos institutos Ibope e Datafolha confirmam a tendência de ascensão nas últimas semanas de Dilma, uma queda nas intenções de voto de Marina e uma ligeira subida de Aécio.
O debate foi dominado por alguns momentos, como os outros anteriores, sobre o tema da corrupção na Petrobras e nos Correios e que atingem a campanha da presidente e favorita para a reeleição, que insistiu que seu governo foi o que “mais investigou” os crimes.
Dilma afirmou que frente aos escândalos de corrupção em seu governo, o mais recente na Petrobras, “confiscou bens de servidores” e contribuiu para a “agilização” nos tribunais dos processos contra os envolvidos.
O presidente argumentou que demitiu o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, principal acusado no escândalo e beneficiado por uma diminuição de sua pena em função de um acordo de delação premiado. Mas Aécio e Marina afirmaram, com base em uma ata da companhia, que foi ele quem se demitiu.
Dilma rebateu afirmando que em depoimento prestado na CPI da Petrobras o ex-diretor contou que foi demitido, como pode ser confirmado nas gravações.
O presidente também se defendeu da acusação de que suas alianças com outros partidos propiciaram os atos de corrupção nas estatais.
“Não são as alianças as que definem os corruptos. Há corruptos em todos os lugares. As instituições são as que devem investigar. Quero garantir que todos os crimes serão investigados, doa a quem doer. Não há ninguém acima da corrupção”, garantiu Dilma.
Aécio, terceiro nas pesquisas, qualificou como “vergonhoso” os escândalos nas “empresas públicas” como os Correios, e disse que a “Petrobras vive nas paginas policiais”.
Em seu discurso, o ex-governador de Minas Gerais defendeu as privatizações e pôs como exemplo o setor de telefonia e o caso da Embraer.
Um duelo travado diretamente entre Dilma e Marina foi o da “independência” do Banco Central proposta no programa do governo da candidata do PSB e afirmou que sua rival confundia esse conceito com “autonomia”.
“Eu respeito à autonomia do Banco Central. No caso da independência somente os poderes (Executivo, Legislativo e Judicial) a podem ter. A senhora está confundindo autonomia com independência, que são coisas diferentes”, esclareceu Dilma.
Marina Silva respondeu que a “falta de autonomia do Banco Central ajudou para a elevação dos juros (atualmente em 11%) e alta da inflação”, que ronda o limite máximo da meta de 6,5%. A ex-ministra do Meio Ambiente afirmou que se ganhar as eleições apresentará uma reforma tributária ao Congresso.
Aécio Neves, em uma proposta similar, disse que em um eventual governo irá na primeira semana de gestão ao Congresso e entregará uma proposta de “simplificação do sistema tributário”.
Temas polêmicos como o aborto, a descriminalização do uso de drogas e a união entre pessoas do mesmo sexo foram abordados em um tom mais alto pelos candidatos com menos intenções de votos nas pesquisas, Luciana Genro, Levy Fidelix e Eduardo Jorge.
Sobre estes assuntos polêmicos, a única dos três favoritos a responder por sorteio foi Dilma, quem evitou tomar uma posição mais comprometida em relação ao tema da legalização do aborto.
“Sou a favor de reforçar toda a proteção contra a juventude para prevenir a gravidez precoce, para que elas (as jovens) não sejam levadas a esse momento. A legislação só prevê três casos (estupro, anencefalia e risco de morte para mãe) e todos com a autorização da gestante”, sustentou Dilma.
Entre os 200 convidados dos partidos que foram aos estúdios da rede Globo estiveram, entre outros, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-jogador Ronaldo, que apoia Aécio Neves. EFE
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