USP acompanhará 3 mil grávidas para detalhar relação entre zika e microcefalia

  • Por Agência Estado
  • 05/02/2016 15h11
Brasília - O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, participa da reunião de mobilização ZikaZero com dirigentes da Andifes Conif, UNE e Ubes (Elza Fiuza/Agência Brasil) Elza Fiuza / Agência Brasil Aloizio Mercadante

Um estudo inédito envolvendo 3 mil grávidas já começou a ser desenvolvido no Brasil para detalhar a relação entre o zika e a microcefalia em bebês. Elas serão submetidas mensalmente até a hora do parto a um exame de sangue que detecta anticorpos do vírus tanto na mãe quanto no bebê, dando evidências de que o feto foi infectado durante a gestação.

O diferencial da pesquisa, capitaneada pela Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto (FMRP), é examinar não só gestantes que já apresentem sinais de infecção por zika vírus que são febre, dor nas articulações e músculos, manchas vermelhas na pele e conjuntivite, mas também as assintomáticas. “Até agora, o que se tem feito é pesquisar somente aquelas que apresentam sintomas de infecção pelo zika e aquelas que geraram bebês com microcefalia”, diz o professor Benedito Antônio Lopes Fonseca, do Laboratório de Virologia, que coordena o estudo junto à médica Suzi Volpato Filho, obstetra do Programa de Assistência à Saúde da Mulher da prefeitura de Ribeirão.

Acompanhando todas as fases da gravidez da mulher, os pesquisadores pretendem descobrir o período de maior risco para a gestante, se a infecção assintomática também pode causar microcefalia e em qual mês do desenvolvimento o feto é acometido pela má-formação. Também será observado se o zika pode estar associado a outros problemas de saúde no bebê.

Toda gestante que iniciar o pré-natal no Sistema Único de Saúde (SUS) em Ribeirão Preto poderá participar, de forma voluntária. Para as que fazem o acompanhamento na rede privada, o cadastro será feito nos postos de saúde da cidade. O prazo é até 30 de junho, período em que há maior incidência de Aedes aegypti, o mosquito transmissor dos vírus da dengue, chikungunya e zika. Os estudiosos estimam que sejam “recrutadas” 500 grávidas por mês. Trinta já estão cadastradas e tiveram as amostras de sangue colhidas.

A grávida que apresentar sintomas de zika será encaminhada ao Ambulatório de Moléstias Infecciosas do Hospital de Clínicas da FMRP e terá o resultado do exame de sangue disponível em até 72 horas. Quando houver confirmação do diagnóstico de microcefalia no bebê, detectado via ultrassonografia, ela receberá atendimento no Ambulatório de Medicina Fetal do Hospital das Clínicas. Fonseca lembra que outras doenças além do zika podem causar microcefalia, como a rubéola e a toxoplasmose. “Por isso, iremos fazer vários testes”, diz.

Os resultados devem estar disponíveis no fim do ano que vem. A prefeitura da cidade oferecerá a infraestrutura de atendimento O custo de aproximadamente R$ 500 mil será financiado, em parte, pela Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo. Os pesquisadores buscam recursos, também, junto ao Ministério da Saúde e às agências de fomento. Na quinta-feira (04/02), o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, afirmou que Capes e CNPq devem publicar editais direcionados a estudos sobre diagnóstico e tratamentos sobre zika e microcefalia e que os reitores das universidades já estão avisados de que esses temas são “prioridade” nas faculdades de Medicina e Biologia.

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