Nem tudo é ruim na pandemia: Fazer compras sentado no sofá veio para ficar

O mundo mudou com o isolamento social e as compras online passaram a fazer ainda mais sucesso; ganhamos rapidez, comodidade e praticidade

  • Por Bia Garbato*
  • 20/06/2021 10h00
John Schnobrich/Unsplash Família realiza compras pelo computador Com a pandemia, a oferta de produtos online cresceu e facilitou as compras

Com a pandemia e o isolamento social, uma coisa passou a fazer ainda mais sucesso: as compras online. Hoje, o importante não é mais peregrinar para descobrir onde tem o sapólio mais barato, isso ficou fácil de descobrir. O lance agora é saber qual é o valor mínimo para a compra, o custo do frete e o prazo de entrega. Toda encomenda que eu recebo – devido à minha falta de memória e por comprar de abridor de latas a fones de ouvido – nunca lembro o que está no pacote. Toca a campainha e já me dá um frio na barriga. Corro para a porta com a sensação de que é meu aniversário e me mandaram um presente. Abro ansiosamente e descubro que me dei um saco de aspirador. Nem sempre a gente acerta. Até aprendermos como funciona, batemos muito a cabeça: achei que tinha pedido uma penca de bananas. Veio uma banana só. Comprei quatro cebolas. Vieram quatro quilos de cebola. Comprei um shampoo, veio um condicionador. Comprei uma blusa rosa, era roxa. E quando vem algo errado ou um produto com defeito? O presente vira um presente de grego: uma ida aos Correios. E em tempos de pandemia é mesmo um castigo: “Tá vendo, não prestou atenção, agora sai de trás dessa tela e vai suar a máscara na fila do Sedex”.

O Mercado Livre me impressiona. Não se acanhe, peça o que quiser. É um Papai Noel virtual. Uma tuba? Tem. Uma Kombi amarela? Claro. A Bíblia sagrada autografada pelos apóstolos? Te juro. O delivery ficou sob suspeita no começo. Comida transmite? Depois que liberaram até comida japonesa, tem mais moto do que asfalto na rua. Outro dia eu li na traseira de uma delas: comida molecular. O que será isso, meu Deus? Lamentei não ter me dedicado mais às aulas de química. Eu que amo uma farmácia, estou me realizando. Compro sabonete líquido em um dia, cotonetes no outro e álcool gel no dia seguinte. E não se preocupe com o frete. Frete de farmácia custa por volta de R$ 1,00. E fazer um look online? Me sinto no shopping: vou garimpando em cada uma das lojas de departamento. Uma blusinha aqui, uma sandalinha ali. Tudo isso de pijama e creme para olheiras.

Tem mais uma parte muito legal nisso tudo. Passamos a comprar de produtores locais: frutarias orgânicas, fazendas de gado de pasto, granjas que não usam antibióticos. Só de falar já me sinto bem. Pois é, o mundo mudou, mas nem tudo foi para pior. Ganhamos rapidez, comodidade, praticidade. E, fazer compras sentados no sofá, veio para ficar. Sem contar com a felicidade de ganhar um presente a qualquer momento. Mesmo que seja da gente mesmo.

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*Bia Garbato estreia neste domingo, 20, a sua coluna no portal da Jovem Pan. Ela é escritora, publicitária e locutora, e quinzenalmente escreverá crônicas sobre questões do cotidiano.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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