Establishment dá tiro no próprio pé mirando em Guedes para acertar Bolsonaro

Presidente tem de reafirmar seu apoio público ao ministro da Economia; mudança brusca do titular da equipe econômica pode redundar em desgaste com prejuízo eleitoral

  • Por Jorge Serrão
  • 20/10/2021 13h05
WALLACE MARTINS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO Ministro da Economia, Paulo Guedes Ministro da Economia, Paulo Guedes, em evento em Brasília

A canalhice do establishment não tem limite. Na manobra permanente para desgastar até derrubar Jair Bolsonaro, os “donos do poder” sabotam o Brasil. Já que não conseguem ganhar no campo da política, nem com a ajuda ilegítima do tapetão do judiciário, apelam para a desestabilização econômica. Além da providencial turbinada na carestia (ajudando a fomentar a “inflação”), a manobra principal consiste em forçar a barra para tirar do cargo o ministro da Economia. Os tiros que Paulo Guedes leva, na verdade, têm como alvo Jair Bolsonaro. A aposta é que, com a economia falhando, o presidente não se reelege. Por isso, espancar Guedes para tirá-lo do jogo é fundamental para os adversários e inimigos de Bolsonaro – que, por coincidência, também são os algozes do Brasil e dos brasileiros.

A prioridade estratégica do Palácio do Planalto é neutralizar a artilharia contra Bolsonaro. A tática mais simples para isso é não embarcar nas fofocas sobre a saída do ministro – cuidadosamente plantadas na mídia prostituída, pelos poderosos inimigos econômicos de Bolsonaro. Além disso, será necessário que Bolsonaro dê manifestações públicas de apoio a Paulo Guedes. Essa é a parte menos difícil, já que o presidente tem plena certeza de que não pode sofrer o desgaste da perda, no momento, do seu “Posto Ipiranga”. A situação é simples. Bolsonaro não deseja que Guedes saia, nem ele deseja de verdade sair. O ministro só reclama demais, nos bastidores, dos ataques que vem sofrendo. A polêmica intestina, no governo, sobre os rumos do auxílio emergencial, gera uma arriscada tensão.

Várias armadilhas econômicas estão montadas contra o governo. O problemaço do momento é o risco de uma greve de caminhoneiros – o que bagunçaria toda a cadeia produtiva, atrasando a inevitável retomada do crescimento econômico. A tendência é que o movimento não vá adiante, porque o desgaste para a categoria seria insuportável. Bolsonaro segue negociando com os motoristas através do ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, principal entregador de obras do governo e um dos colaboradores mais próximos do presidente. Não será fácil conciliar as reivindicações da categoria com os donos de transportadora. Além do problema do combustível caro – de complexa solução – tem a permanente reclamação sobre o injusto preço pago pelos fretes. A tensão é permanente entre autônomos e os contratadores. Trata-se de uma batalha no mercado, na qual o governo tem pouco poder real de interferência.

Por tudo isso, a prioridade imediata de Bolsonaro é conter as manobras que forçam a saída de Paulo Guedes. O presidente não é dependente da figura do ministro da Economia. Mas todo mundo sabe que a eventual demissão de Guedes significa desgaste certo para o titular do Palácio do Planalto. Assim, o foco oficial é garantir a permanência de Guedes. É recomendável descartar qualquer possibilidade de substituição dele por Roberto Campos Neto ou por Mansueto de Almeida. A ordem é: Guedes fica. Mas os picaretas do mercado, patrocinados pelo establishment, vão prosseguir na fritura permanente do “Posto Ipiranga”.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.