Como a penicilina e a roda, a vacina está entre as grandes conquistas da humanidade

Amada por muitos e odiada por outros tantos, ela é presente e futuro nos dias de hoje e pode se revelar a grande descoberta para a humanidade

  • Por José Maria Trindade
  • 29/03/2021 13h14 - Atualizado em 29/03/2021 17h08
JUNG YEON-JE/EFE Vacina de Oxford/AstraZeneca A vacina contra a Covid-19 foi desenvolvida em curto espaço de tempo para salvar vidas na luta contra o coronavírus

A humanidade produziu grandes invenções. Ninguém sabe qual é a mais importante. Eu gosto da penicilina. Este milagre chegou num momento pós-guerra, com mutilados e pessoas morrendo quando não existia antibiótico. Foi uma observação por acidente do médico bacteriologista Alexander Fleming a respeito da atuação do mofo sobre uma cultura acidentalmente esquecida. Há quem diga que a pólvora foi a maior de todas as criações, e historiadores alertam que a invenção das ltdas, abreviação das sociedades limitadas, explica a sociedade como é hoje. Não existem na prática, só na crença, ou seja, são abstrações, mas as empresas acabam sendo donas de coisas que existem, como imóveis, automóveis, maquinários, e emprega pessoas, como se fosse um ser vivo. E a crença é tanta que os símbolos acabam representando mesmo um ser que anda pelo mundo.

Entre as cem maiores invenções do mundo, fica difícil definir qual a mais importante para a humanidade. Mas, entre estas cem descobertas, a roda está ou é a base para pelo menos 70 invenções, e a conclusão é de que a roda seria a grande vedete na arte de tornar a vida mais fácil. Nas últimas décadas, o maravilhoso mundo novo mostra que a inteligência artificial, a superinternet e a internet das coisas comandam a fronteira do conhecimento e o topo das invenções. Estão de tal forma na frente que nem mais são consideradas como descobertas, mas como evolução. Esta é a realidade. A telinha tomou conta da vida, mas esqueceram o básico, o existencial e a salvação da humanidade. A vacina, a velha vacina, está no centro do assunto e é até atacada — assim como outras descobertas na medicina estão sendo esquecidas. 

A primeira vacina no mundo veio para debelar uma doença horrível. Naquele tempo não existiam os canais de televisão para mostrar imagens de hospitais e o número de mortes, mas os relatos são graves. Os pacientes morriam com pústulas fétidas, mas misteriosamente ordenhadores de vacas estavam salvos. Eles foram imunizados por convivência com animais com um tipo parecido de varíola. Foi em 1796 que o cientista Edward Jenner inoculou, em um garoto, parte do material de uma pústula, um vírus atenuado. A varíola foi erradicada, e a vacina se transformou na prevenção. O nome tem mesmo origem na relação com a descoberta, a vaca. Antes da popularização da vacina, era comum, no interior, que as mães levassem os filhos para casas onde haviam casos de sarampo para eles se imunizarem. Mas, neste caso, era mesmo a contaminação que poderia matar. Só agora a vacina entra na mira do debate. Amada a ponto de governantes colocarem em risco seus cargos para vacinar família e odiada a ponto de grupos se posicionarem contra de forma radical. A vacina é presente e futuro, e de longe pode ser a grande descoberta para a humanidade. Cada invenção é importante como a roda, são tijolos colocados, um a um, na construção desta obra chamada humanidade. Que venham as vacinas, brasileiras ou estrangeiras. O importante não é a origem, mas a imunização. A velha história, o importante não é a cor do gato ou a origem, mas se ele caça ratos.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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