A 90 dias da safra de soja, fertilizante cai

Compras estão atrasadas e há risco logístico na véspera do plantio

  • Por Kellen Severo
  • 21/06/2023 11h00 - Atualizado em 21/06/2023 17h22
DIRCEU PORTUGAL/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO - 30/10/2022 Produtor rural faz aplicação de herbicida em plantação de soja É no segundo semestre do ano que é consumido o maior volume de fertilizante no país, com o início dos tratos culturais da soja

Daqui a cerca de 90 dias, será dada a largada oficial para a safra de verão do Brasil. É no segundo semestre do ano que é consumido o maior volume de fertilizante no país, com o início dos tratos culturais da principal cultura agrícola: a soja. Enquanto não é hora de plantar, é tempo de preparar as compras de insumos usados nas lavouras, como o fertilizante, por exemplo, que tem registrado uma sequência de queda nos preços. O MAP e o KCL, fertilizantes mais importantes para a soja, acumulam queda superior a 30% em 2023, de 32,6% e 35,5% respectivamente. Só em junho, o fosfato monoamônico caiu 4,5% e o cloreto de potássio 2,9%. De acordo com a Agrinvest, explicam a queda: (1) oferta robusta no Brasil resultado do maior estoque de passagem da história, com mais de 8 milhões de toneladas; (2) produtores mais cautelosos na tomada de decisão com atraso de compras; (3) retomada das exportações de gigantes do setor como Bielorússia e China. O Itaú BBA acrescenta como explicação: (4) demanda enfraquecida; e (5) fim do período de compras pelos Estados Unidos.

Com o recuo dos custos de fertilizantes, o agricultor precisará de menos sacas de soja para comprar 1 tonelada de adubo. O indicador de troca está abaixo das mínimas históricas dos últimos 5 anos para o MAP e KLC, aponta o banco. “O preço ainda poderia cair mais, mas é preciso cuidado pois os produtores podem deixar para comprar mais pra frente e haver uma maior demanda, gerando aumento de preços” , destaca Jeferson Souza, analista de fertilizantes da Agrinvest Commodities. A perspectiva de preços mais baixos à frente é um dos fatores que explica o atraso na compra de insumos, apesar da melhora na relação de troca entre soja e fertilizantes. Dados da StoneX indicam que até maio, 44% das compras haviam sido feitas no Brasil, contra média de 60% para o período nos últimos dois anos. Com isso, consultorias como a StoneX têm chamado atenção do produtor para o risco logístico, fruto de uma concentração na demanda mais para a frente e possibilidade de estrangulamento no complexo às vésperas da safra. A queda de mais de 15% no preço da soja em 2023 gera necessidade de custos de produção mais baixos para que a produção futura não dê prejuízo. O recuo de insumos como fertilizantes aparece neste momento como uma oportunidade importante para entrar na próxima safra com uma pressão menor de custos de produção.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

  • Tags:

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.