Após disparada, preços dos fertilizantes caem para patamares pré guerra
Desvalorização do adubo favorece a relação de troca, que atingiu os melhores patamares do ano entre milho e MAP e KCL
Os preços dos fertilizantes estão caindo e alguns já retornaram aos patamares pré-guerra na Ucrânia. A desvalorização do adubo favorece a relação de troca com grãos e, com isso, produtores rurais estão precisando de menos sacas de milho ou soja, por exemplo, para comprar uma tonelada do insumo, um alívio em tempos de custos historicamente altos no agronegócio brasileiro. De acordo com dados da consultoria StoneX, uma tonelada de MAP, adubo que é fonte de fósforo e nitrogênio, custa cerca de US$ 740, valor inferior aos US$ 899 observados no período pré-guerra, em fevereiro deste ano. O Itaú BBA divulgou relatório nesta semana chamando atenção para a melhora na relação de troca entre a saca de milho e fertilizantes. Agora em setembro, são necessárias 45,50 sacas de milho para comprar uma tonelada de MAP – é a melhor condição já observada neste ano. O mesmo acontece entre o milho e o cloreto de potássio (KCL), que caiu para patamares pré-guerra e também está com a melhor relação de troca do ano.
Alguns fatores explicam a queda de preços atual: a formação de estoques, a redução do uso de fertilizantes em algumas lavouras, antecipação de compras por parte da indústria e uso de adubos biológicos. Vale lembrar que após o início da guerra na Ucrânia, os fertilizantes atingiram os maiores patamares da história e havia incerteza sobre o pleno abastecimento aqui no país, já que 80% do insumo é importado e a Rússia é um dos principais fornecedores da agricultura brasileira. Mais recentemente, a crise energética na Europa entrou no radar do mercado de fertilizantes, já que o pico de alta nos preços, gerado pela crise do gás natural, impactou o mercado do adubo nitrogenado, que leva gás na sua composição. Agora, os preços já começaram a cair aqui no Brasil. A consultoria Globalfert diz que hoje são necessárias aproximadamente 60 sacas de milho para comprar uma tonelada de ureia, nove sacas a menos do que no mês passado. A StoneX projeta mais quedas para fósforo e potássio. Já na ureia, o cenário de incertezas envolvendo guerra na Ucrânia e crise energética na Europa pode gerar alguma volatilidade no curto prazo, com preços tendendo a ceder mais para o fim do ano. A melhora na relação de troca é uma sinalização positiva para o setor que está indo mais devagar nas compras do insumo para manejo das lavouras e agora com redução no custo encontra uma oportunidade de melhorar as margens que estão mais espremidas.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
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