Com excesso de chuva, safra de trigo quebra no Brasil

Perdas já superam um milhão de toneladas em grandes Estados produtores

  • Por Kellen Severo
  • 22/11/2023 11h00
R0bin/Pixabay plantação de trigo Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê 9,63 milhões de toneladas, 8,7% menos do que a produção recorde do ano passado

O Rio Grande do Sul e o Paraná, maiores produtores de trigo do Brasil, enfrentaram muita chuva durante a safra de trigo, e o resultado foi quebra de produção e perda de qualidade do cereal. O governo federal e consultorias privadas revisaram a estimativa de colheita. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê 9,63 milhões de toneladas, 8,7% menos do que a produção recorde do ano passado. A StoneX estima quebra de 1,2 milhão de toneladas, com produção de 9,2 milhões de toneladas. Cortes expressivos no Rio Grande do Sul, problemas em Santa Catarina e Paraná contribuem para o cenário. A Safras&Mercado cortou em 2,9 milhões de toneladas e prevê produção de 8,9 milhões de toneladas.

Com a quebra de safra e a perda de qualidade do cereal, os preços passaram a subir no Brasil. A alta se aproxima de 20%, base Paraná, no acumulado de novembro. A tonelada está sendo negociada ao redor de R$ 1.300, um dos mais altos patamares dos últimos meses. Em relatório, o Itaú BBA afirma que a abertura do leilão do governo federal para adquirir o cereal aos preços mínimos contribui para valorização do trigo. O outro ponto é a possibilidade dos preços irem em direção à paridade de importação, já que a indústria vai precisar aumentar as compras externas para  abastecer o mercado local com farinha de qualidade padrão.

Não há muito espaço para queda de preço, porque tem pouco trigo, especialmente de boa qualidade. O limite dessa alta esbarra na entrada do trigo argentino aqui, disse Elcio Bento, analista de mercado. O Brasil importa cerca de 60% do trigo que consome, e 80% vem da Argentina. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Trigo, a compra não deve aumentar tanto com a quebra de safra, pois outros Estados brasileiros, como São Paulo e áreas do Cerrado, deverão compensar parte da oferta. Com a quebra de safra do trigo, será que o custo do pãozinho vai subir? Consultores divergem sobre a tendência de preços. Certeza, no momento, é que a quebra gerada pelo El Niño já é um fato em Estados como Paraná, que concluiu a colheita do trigo, e Rio Grande do Sul que está com quase 90% do trabalho de campo feito.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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