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Zerar imposto de importação de grãos não fará preço cair

Colheita de milho em propriedade de pequeno porte em Limeira (SP). O mês de março foi marcado pelo aumento do preço do milho, mesmo com bons resultados na safra de verão. De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da USP, o aumento foi causado pela disponibilidade restrita do cereal e de incertezas quanto à produtividade das lavouras de segunda safra. Foto: ROBERTO GARDINALLI/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO FUP20210405388 - 05/04/2021 - 16:44

O governo suspendeu até o fim do ano a alíquota do imposto sobre importação de soja, milho, óleo e farelo de soja. A medida tem o objetivo de baratear a entrada dos grãos vindos de fora. A pergunta é: Por que importar soja e milho se o Brasil é um dos maiores produtores desses grãos no mundo? Não é porque acabaram os produtos no Brasil. Eles existem, mas custam caro, e estão nos mais altos patamares da história. Por isso, o governo zerou a tarifa de importação, para dar opção para a indústria tentar internalizar os grãos sem a tarifa externa comum (TEC) por um preço mais barato do que o praticado no mercado doméstico. E isso vai funcionar? Os preços vão cair? Na prática, o efeito de baixa no preço pode nem ocorrer. Há consultorias, inclusive, alertando que podem subir. Isso porque, mesmo com isenção de tarifa para importar milho e soja, ainda pode ser mais barato comprá-los no Brasil do que buscá-los em outros locais.

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O levantamento da consultoria Cogo Inteligência em Agronegócio apontou que, com o dólar a R$ 5,55, o milho da Argentina chegaria no Brasil a R$ 97,54 a saca, e dos Estados Unidos por R$ 109, enquanto aqui no país custa R$ 98 por saca, com base na região Sul e Sudeste. No caso da soja, uma saca hoje vale R$ 173 na mesma região. Se importar da Argentina, chega a R$ 195, e dos Estados Unidos a R$ 211. Ou seja, o preço está alto no Brasil e fora daqui. Com o cálculo da paridade de importação, o vendedor de grãos pode despertar que há espaço para novas elevações, já que as origens ao nosso redor também estão com preços firmes. Por que tudo isso importa para o consumidor brasileiro, por exemplo? Importa porque o efeito de tudo isso poderá ser sentido no bolso, com projeção de reajuste nas carnes. A visão do presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal, Ricardo Santin, é que haverá repasse da alta dos grãos para o consumidor. O setor de carnes pede ao governo desoneração e informações sobre exportações já contratadas, para tentar prever o que virá pela frente. Ainda veremos uma demanda mundial alta, os estoques de grãos baixos e a necessidade de tempo para o mercado se acomodar.

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