Conquistas do governo Bolsonaro nunca foram bem-vindas por parte da imprensa

Foi preciso uma chancela do Banco Mundial para os jornais estamparem que o Brasil atingiu o menor nível de extrema pobreza desde 1981

  • Por Reinaldo Polito
  • 10/11/2022 09h00 - Atualizado em 10/11/2022 09h42
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THIAGO RIBEIRO/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO Jair Bolsonaro Presidente Jair Bolsonaro (PL) acenando a apoiadores

Esta semana recebi uma mensagem de Erik Figueiredo, presidente do IPEA: “Polito, eles já estão pedindo desculpas a você?”. Junto com a pergunta, Erik me encaminhou dois gráficos mostrando que a extrema pobreza no Brasil caiu para a mínima histórica em 2020. Ele estava sendo solidário comigo e, ao mesmo tempo, lavando a alma. A história é curiosa. Há pouco tempo, tentei publicar um texto mencionando as conquistas do governo Bolsonaro. Entre os itens apontados, estava a informação eloquente de que a pobreza no Brasil havia sido reduzida para índices que nos enchiam de orgulho. Fui contestado. Pediram provas. Disseram que os dados não eram verdadeiros.

Deixei as minhas fontes normais de lado e fui diretamente ao olho do furacão. Falei com o presidente do IPEA. Ele gentilmente me garantiu que os meus números estavam corretos. Que poderiam ser divulgados sem nenhum receio. Não só garantiu como ressaltou que assinava embaixo. Amparado no aval de tamanha autoridade, estufei o peito e apresentei os argumentos que me haviam solicitado. Estava tudo ali, preto no branco. Eu não me sustentava apenas em notícias de jornal, ou de referências de terceiros que poderiam ser vistos apenas como torcedores do governo de turno.

Mesmo assim, não aceitaram. Insisti: mas é o próprio presidente do IPEA que está fornecendo as informações! Não teve jeito. De acordo com a visão deles, os dados não eram confiáveis. Para não criar caso, concordei em retirar essa parte do texto. Ao agradecer a gentileza com que Erik se dispôs naquela oportunidade a me ajudar, eu disse a ele: “Infelizmente, eles optaram por excluir essa parte do artigo. O que eu queria, entretanto, consegui – que as minhas informações tivessem respaldo oficial. Obrigado, mais uma vez. Os outros dados positivos continuam no texto”.

Senti, entretanto, que ele estava contrariado. Afinal, como podiam não enxergar realidade tão evidente?! Ele se pôs à disposição para esclarecer qualquer dúvida que pudesse surgir. Realmente, foi de uma presteza admirável. Fiquei impressionado. Pensei que ele houvesse se esquecido do fato. Que nada! Mais uma vez Erik me surpreendeu com essa espécie de cumplicidade. Ele sabia que a divulgação dos dados da minha pesquisa havia sido recusada injustamente e, por isso, se apressou em compartilhar comigo essas mesmas informações, agora com a chancela do Banco Mundial.

Pois é, foi preciso a participação dessa instituição internacional e, quem sabe, a mudança de governo para tirarem o véu que os impedia de enxergar o que estava apenas a um palmo na frente do nariz. Ao ver os jornais estampando essa notícia nas primeiras páginas, pensei: nossa, que mudança rápida de opinião! É, sem dúvida, um feito excepcional. De acordo com o Banco Mundial, por volta de 1,97% da nossa população estava abaixo da linha da pobreza em 2020. Essas palavras deveriam ser escritas com letras garrafais: o Brasil atingiu em 2020 o menor nível de extrema pobreza desde 1981. Quem tem sensibilidade humana, pode aquilatar o que significa para essas pessoas, indefesas no tecido social, ter ao menos o que comer para que possam sobreviver.

E mais, agora com o orgulho de brasileiro, o país ostenta a honrosa proeza de ser a nação mais eficiente no enfrentamento da extrema pobreza na América Latina entre os anos de 2016 e 2020. Considera-se US$ 2,15 como quantia mínima diária para que uma pessoa seja considerada fora da Linha Internacional de Pobreza. E tudo isso com todos os fatores adversos, como, por exemplo, a maior pandemia já enfrentada pelas gerações recentes em todo o mundo, uma guerra que teve consequências em todos os cantos do Planeta, uma crise hídrica no nosso quintal sem precedentes nos últimos 100 anos, um desastre em Brumadinho que provocou soluços na nossa economia. É capacidade de resiliência para oposição nenhuma botar defeito!

O presidente do IPEA continua indignado, pois além de ser extremamente zeloso com os números, pelo que pude perceber, pulsa em seu peito um coração verde e amarelo. Depois de divulgar os dados informados pelo Banco Mundial, órgão acima de qualquer suspeita, comentou, ironicamente, que a VIGISAN alega que tivemos um crescimento de 3,2% na insegurança alimentar grave, isto é, na fome. Ele instiga: algo incompatível, não acham? Daqui para a frente, sob nova direção, não sabemos como essa questão será tratada. Independentemente do que ocorra, tivemos essa conquista histórica. Tomara que possamos continuar combatendo a extrema pobreza com ações concretas, como foi feito nesses anos recentes, e não com retórica, como alguns alardeiam. Assim, os nossos irmãos brasileiros poderão viver a cada dia com mais dignidade. Siga pelo Instagram: @polito.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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