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Estudos de Malthus de 187 anos atrás sobre a fome e a falta de alimento ainda são preocupantes

Brasil, São Paulo, SP. 12/06/2009. Detalhe de distribuição de pães na Igreja de Santo Antônio no centro de São Paulo, durante missa em celebração ao dia do padroeiro

Hoje, 23 de dezembro, faz 187 anos que faleceu o economista britânico Thomas Malthus. Ele assustou o mundo com sua teoria sobre o crescimento populacional e a produção de alimentos. Segundo seus estudos, os alimentos cresceriam em progressão aritmética, enquanto a população aumentaria em progressão geométrica. Dessa forma, em determinado tempo, não haveria alimento suficiente para todas as pessoas. As epidemias, as guerras e toda sorte de doenças, que produziriam mortes, poderiam controlar o contingente populacional. A criatividade humana, entretanto, refutou suas profecias pessimistas. Com as novas formas de produção de alimentos, cada vez mais a humanidade pôde se sustentar. A partir do terceiro quartel do século XX, todavia, suas ideias foram ressuscitadas com nova embalagem, a teoria Neomalthusiana. Só que nesse caso, a ideia de escassez dos alimentos voltou-se principalmente para os países que não conseguiam se libertar do subdesenvolvimento. Essa condição condenaria as nações pobres a permanecer com elevado nível de desemprego, acentuada pobreza e escassos recursos naturais. 

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Os adeptos dessa linha de pensamento propuseram, como solução ao problema da fome, políticas de planejamento familiar. O controle da natalidade seria um meio eficiente para reduzir a população e permitir que as pessoas pudessem se alimentar. Independentemente de concordarmos ou não com essa análise, temos de reconhecer que a fome continua a ser o grande problema da humanidade. A boa notícia é que haverá alimento para todas as pessoas do planeta. A má é que esses produtos alimentares não chegarão a toda a população. O Brasil é um ótimo exemplo de como aprendemos a desenvolver a agricultura e a pecuária. O nosso país experimenta admirável produtividade. Conseguimos produzir comida para alimentar mais de 1,5 bilhão de pessoas. Esses números eram inimagináveis até os anos 1980. 

Em pouco mais de quatro décadas, saímos da condição de importadores de alimentos para nos transformar no segundo maior exportador mundial. Este ano, iremos superar a marca de 10,4 milhões de toneladas de proteína animal. Ficaremos atrás apenas dos Estados Unidos. Também, só para termos uma ideia, nos últimos 40 anos aumentamos em 500% a nossa produção de grãos. Onde o solo não era favorável e os períodos de chuva não contribuíam, as pesquisas tecnológicas permitiram adaptações que transformaram nosso parque produtivo de alimentos em uma economia agrícola incomparável. Segundo a ONU, haverá um aumento de 7,5 bilhões para 9,1 bilhões de pessoas até 2050, e, como consequência, a demanda por alimentos deverá subir em mais de 50% nesse período. Por outro lado, será possível fazer frente a esse acréscimo, já que a nossa capacidade de incremento produtivo não está exaurida. Temos ainda muita terra para ser cultivada, sem prejudicar o meio ambiente. E agora, com a experiência bem-sucedida dessas últimas décadas, os resultados poderão ser mais rápidos e eficientes.

O que preocupa, todavia, não é a quantidade de alimentos, mas sim seu valor nutritivo e, principalmente, como alertam os Neomalthusianos, sua distribuição. Enquanto algumas regiões serão sempre muito bem sustentadas, outras, mais pobres, passarão fome. Essa diferença nutricional pode ser observada dentro dos próprios países. É possível encontrar parte da população bem alimentada, mas, no mesmo território, pessoas desnutridas. Regiões como a África, por exemplo, são sinônimos de desigualdade. Devido às guerras, ao aumento populacional descontrolado, à corrupção e aos problemas ambientais, a fome é desesperadora. São essas populações que precisam ser socorridas. E com urgência. Portanto, no dia em que nos lembramos da morte de Thomas Malthus temos uma boa oportunidade para refletir a respeito da fome no mundo. Esse é, sem dúvida, o grande drama dos nossos dias. Ao contrário do que previa o autor de “Ensaio sobre a população”, o planeta tem condições de produzir os alimentos, o que precisamos encontrar agora é uma forma de distribuí-los para que todos tenham acesso a eles. Afinal, não é possível imaginar que alguém possa ficar indiferente a uma pessoa, especialmente uma criança, que morre de fome. E há milhões delas perdendo a vida porque não têm o que comer.

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