Um tira-teima para medir a popularidade de Lula e Bolsonaro
A eleição de Bolsonaro provocou rupturas, interrompendo um ciclo dado como certo; hoje, fora do poder, o impacto de sua presença no cenário político continua
O Brasil está polarizado, e essa divisão se acentuou com a ascensão de Bolsonaro ao poder, quebrando o ‘reinado’ da esquerda iniciado a partir de Itamar Franco. Em setembro de 2009, Lula comemorava: “É fantástico que, pela primeira vez, não haverá candidatos de direita nas eleições presidenciais de 2010”. Com sucessivas vitórias, a esquerda dominou o comando do país.
A eleição de Bolsonaro provocou rupturas, trouxe outros questionamentos, interrompendo um ciclo dado como certo. Hoje, fora do poder, o impacto de sua presença no cenário político continua. Algumas pessoas, especialmente aquelas de tendências esquerdistas, esperavam que o ex-presidente perdesse popularidade. No entanto, mesmo inelegível, continua atraindo multidões por onde passa.
No outro lado da esfera política, o governo do presidente Lula enfrenta críticas intensas por sua gestão econômica e contratempos na diplomacia internacional. Com pronunciamentos frequentemente considerados desastrosos, Lula opta por não cortar gastos e aumentar impostos de maneira sem precedentes, o que acaba se refletindo nas pesquisas de opinião.
A estabilidade das avaliações e a comparação com Bolsonaro
Pesquisas recentes do DataFolha mostram que a avaliação do governo Lula continua estável: 35% dos entrevistados classificam-no como ótimo ou bom, 33% como ruim ou péssimo, e 30% como regular. Esses números indicam uma aparente estabilidade no apoio popular, mas uma análise mais profunda revela nuances importantes.
Quando comparamos esses dados com os do ex-presidente Bolsonaro, notamos que ele, no mesmo período de seu mandato, obteve resultados semelhantes, com 37% de avaliações positivas e 34% de negativas, mesmo diante de desafios significativos, como a pandemia de COVID-19. Esse contexto global de crise afetou drasticamente as economias mundiais e a vida de milhões de pessoas, tornando a gestão de qualquer governo extremamente complexa.
O viés nas análises
É importante destacar como alguns comentaristas políticos analisam esses dados. Muitas vezes desqualificam as boas avaliações de Bolsonaro, atribuindo-as exclusivamente ao auxílio emergencial de R$ 600,00, sem reconhecer os desafios inusitados que ele enfrentou na pandemia. Criticam uma medida que foi essencial para a sobrevivência de muitos brasileiros em situação de vulnerabilidade.
Além das críticas econômicas, existe uma tendência de descrever o governo Bolsonaro com adjetivos pejorativos, rotulando-o como “negacionista” em relação à pandemia, embora muitas das decisões tomadas visassem equilibrar a proteção da saúde pública com a manutenção da economia, uma tarefa árdua em qualquer nação.
A representação de Bolsonaro na mídia
Outro ponto a considerar é a presença limitada de Bolsonaro na mídia atual. Raramente entrevistado e frequentemente criticado, sua capacidade de manter e até expandir sua popularidade é notável. As acusações contra ele são amplamente divulgadas, mas quando se provam infundadas, não recebem a mesma atenção. Por isso, alguns chegam a questionar a imparcialidade da cobertura midiática.
As próximas eleições: um termômetro do apoio popular
As eleições municipais deste ano, embora não avaliando o sucesso ou o fracasso do governo federal, servirão como um termômetro importante para medir o apoio popular a Lula e Bolsonaro. Ambos adotaram esta campanha como uma missão pessoal, e os resultados das urnas serão reveladores. A eleição não é apenas um teste de popularidade, mas também uma indicação de como suas políticas são percebidas no nível local, onde seus impactos são mais diretamente sentidos.
Reflexões sobre o futuro político do Brasil
O cenário político brasileiro permanece complexo e dinâmico, exigindo soluções criativas e inclusivas. A comparação entre Lula e Bolsonaro reflete as divisões profundas no debate público no país. Independentemente dos resultados das eleições, é essencial que as atenções se concentrem na construção de um futuro que atenda às necessidades de todos os brasileiros, promovendo um diálogo aberto e construtivo que ultrapasse as barreiras partidárias.
As eleições, símbolos máximos da democracia, não apenas asseguram que os governos não governem somente de acordo com seus próprios interesses, mas também enfatizam a importância de levar em conta as aspirações da população. Siga pelo Instagram: @polito
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
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